Resumo de Arquivologia

 


 

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Resumo de Arquivologia

Resumo de Arquivologia 

Assunto:

 

O ARQUIVISTA E A GERÊNCIA DA INFORMAÇÃO NO SÉCULO XXI

 

O ARQUIVISTA E A GERÊNCIA DA INFORMAÇÃO NO SÉCULO XXI

 

 

SUMÁRIO

 

1. INTRODUÇÃO: INFORMAÇÃO E HISTÓRIA

2. ARQUIVOS E ARQUIVISTAS

3. A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E AS NOVAS ORGANIZAÇÕES

4. O VALOR DA INFORMAÇÃO

5. PRODUÇÃO DE INTELIGÊNCIA

6. GESTÃO DA INFORMAÇÃO: UMA QUESTÃO DE QUALIDADE

7. CONCLUSÃO

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

8.1. OBRAS CITADAS

8.2. OBRAS CONSULTADAS

 

 

1. INTRODUÇÃO: INFORMAÇÃO E HISTÓRIA

 

A história da humanidade compreende as mais diversas classificações da distribuição da riqueza dos grupos sociais. O imperialismo sempre se impôs ao direito comum. Foi o que se viu na sociedade feudal, onde senhores de terras mantinham pobres sob seu domínio, na qualidade de servos e escravos. Também o foi na sociedade comercial fundada pelas grandes navegações e pelo mercantilismo, que trouxeram consigo as conquistas d'além mar e a colonização de continentes inteiros. Um outro exemplo disso foi a sociedade liberal da Revolução Francesa e sua conseqüente transformação em sociedade industrial, obviamente advinda da Revolução Industrial.

As Guerras Mundiais demonstraram toda a ganância do homem na busca do aumento dos territórios dominados pelo seu país.

As revoluções antecedentes às Guerras Mundiais demonstraram os primeiros passos do homem em sua busca do conhecimento, como Napoleão ao estabelecer seu império e fundando o Arquivo Nacional da França, com a intenção de preservar o acervo que documentara a história de seu país até então. Da mesma forma, a Revolução Industrial buscou o conhecimento para construir máquinas mais eficazes para a mecanização das fábricas.

Quando houve a Guerra de Secessão, os EUA, mesmo sem qualquer planejamento, armazenaram diversos documentos em um depósito, que mais tarde foram selecionados, avaliados e classificados por Charles Dewey, formando o primeiro fundo organizado coerentemente que se tinha conhecimento.

A Primeira Guerra Mundial demonstrou o conhecimento que Adolph Hittler possuía acerca da importância do saber. Foi isto que o levou a monopolizar os meios de comunicação e a querer destruir todos os livros, pois sem informações ele não teria a oposição interna e, sem acervo bibliográfico, ficaria mais fácil manipular as pessoas.

A busca de novos domínios territoriais também trouxe a Segunda Guerra Mundial e a luta crescente pela obtenção de informações, que já ocorrera na guerra anterior.

O surgimento do socialismo trouxe consigo a Guerra Fria e uma maior disputa pelo mercado de informações.

O socialismo perdeu todo o seu espaço para o capitalismo e trouxe para a sociedade do capital um novo conceito de informação: o conceito de informação global, isto é, a globalização.

Tudo isso fez com que informação e história mantivessem uma estreita ligação e deu ao presente a característica social que determina o futuro da economia do planeta. Assim, hoje fazemos parte de uma sociedade dita da informação, pois é ela quem determina o valor de tudo o que se relaciona com a tecnologia e o conhecimento, os quais trazem embutidos em si as determinações de uma economia neoliberal.

 

 

2. ARQUIVOS E ARQUIVISTAS

 

As definições de Mabillon dos diversos tipos de documentos em seu "De Re Diplomatica" foram as primeiras a determinar tipologias documentais. Com base nelas, foi desenvolvido o primeiro trabalho do Arquivo Nacional da França.

A Comissão Hoover desenvolveu um aprimoramento do trabalho de Dewey, desenvolvendo os conceitos de gestão de documentos e de documentação arquivística que, atualmente, regem o funcionamento do National Archives e dos Records Centers.

"Nos Estados Unidos, a gestão de documentos se institucionalizou com a aprovação da Lei Federal de Arquivos, em 1950. O termo "gestão de documentos" incorporou-se, formalmente, na terminologia arquivística após sua inclusão no Dicionário do Conselho Internacional de Arquivos, editado em 1984." (PAES, 1998)

 

A necessidade de padronização criteriosa dos serviços dos arquivos, deu origem aos cursos certificadores americanos, onde:

 (...) "existe uma certificação para o profissional habilitado a exercer a função de records manager: o CRM (Certified Records Manager) título usado como qualificação pelos seus possuidores e considerado essencial à profissionalização dos records manager" (CIANCONI, 1998);

 há o curso de Records Management no Simmon College "como parte do Programa de Pós-Graduação em Biblioteconomia e Ciência da Informação da Graduate School of Library and Information Science" (CIANCONI, 1998);

 "Outro certificado, bastante conhecido internacionalmente, é fornecido pela Association of Records Manager and Administration (ARMA) e seus membros." (CIANCONI, 1998)

 

Diversos outros países, em busca da eficiência em seus serviços de arquivos, oferecem as mais diversificadas formas de certificação aos seus profissionais. No Brasil, além da graduação universitária dos cursos de Arquivologia, muito pouco se desenvolve em ensino para arquivos.

Isto se reflete na baixa qualidade dos serviços desenvolvidos por técnicos de arquivo e seus auxiliares. Por este motivo, muitos empregadores, hoje, têm procurado empreender treinamentos a tais profissionais.

Sabe-se que a formação dos arquivistas em universidades brasileiras, ainda precisa de mudanças no que se refere ao estudo das novas tecnologias de informação. Mesmo assim, o nível dos profissionais da área tem melhorado muito, principalmente pelo próprio interesse dos graduandos (e dos já formados) em buscar o conhecimento complementar por conta própria.

 

 

 

3. A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E AS NOVAS ORGANIZAÇÕES

 

A globalização econômica - que até bem pouco tempo era o ponto de divergência entre diversas pessoas, tendo inclusive demonstrado a distância existente entre países ricos é pobres - é, hoje, uma realidade inegável e, apesar de muitos não a aceitarem, é a principal razão de se falar tanto em 'sociedade do conhecimento' em nossos dias.

Atualmente, a informação e o conhecimento passaram a ter mais valor do que um produto ou serviço, dependendo do que viria a satisfazer o cliente.

Segundo BORGES (1995):

"O momento é de negar os princípios da era industrial, provocando o abalo de teorias já consolidadas. Nesse contexto de crise, desenvolve-se o conceito de sociedade do conhecimento como novo paradigma sócio-econômico. Surgem questionamentos e polêmicas no âmbito das ciências econômicas, uma vez que os modelos conceituais vigentes - taylorista, fordista, materialismo histórico -, não se adequam a essa nova orientação econômica, , totalmente diversa da ideologia e princípios que fundamentam a sociedade industrial."

 

Isto significa que as novas organizações buscam por profissionais que estejam se atualizando constantemente. Segundo PETER DRUCKER, em entrevista concedida à Revista Exame, publicada na edição de 15 de novembro de 2000, as empresas estão em busca da liderança. Perguntado sobre quais seriam as regras que estabeleceria para a inovação, foi com simplicidade que respondeu:

"Hoje você precisa de uma organização que lidere as mudanças, não que seja apenas inovadora. Há cinco anos havia uma vasta literatura acerca da criatividade. A maior parte da criatividade é aquela quantidade normal de trabalho duro e sistemático. Há cinco anos todo mundo queria ser uma empresa inovadora, mas, a não ser que você seja uma empresa 'líder de mudanças', não vai ter o tipo de cabeça para inovação. A inovação é muito imprevisível. Sua calça tem um zíper, certo?"

 

O fato é que, com a globalização, as mudanças passaram a ocorrer ainda mais rápidas. A informática e a internet concorreram para que o processo globalizador fosse acelerado. Inclusive, com o fator da automação dos meios de produção, a necessidade de contar com pessoas que façam atualizações profissionais constantemente, só fez aumentar. Principalmente porque a cada novo produto traduz a necessidade de obtenção de infindáveis informações.

BORGES (1995) traduziu, assim, a importância do conhecimento em relação às novas organizações:

\"A aceleração das mudanças determina que o conhecimento - sobre tecnologia, mercados, fornecedores, distribuidores, moedas, taxas de juros, consumidores - torne-se rapidamente perecível. Torna-se imprescindível a formação de redes de comunicação e de suporte formadas por fornecedores e clientes.\"

 

Devido aos aspectos das mudanças, além das constantes atualizações quanto a pessoal, informática e conhecimentos específicos, as organizações passaram a valorizar ainda mais seu acervo documental. Isto porque é nele que estão inseridos os mais diversos benefícios do conhecimento, bem como as informações propriamente ditas.

CIANCONI, em texto publicado na \"Informare\" do primeiro semestre do ano de 1998, diz, a respeito dos arquivos das organizações, que sua importância cresceu muito, principalmente porque diversas instituições estão perdendo sua própria história. Para ela,

\"As organizações que não se preocupam em gerenciar seus registros ou assentamentos de informação, visando armazenamento, manutenção e recuperação tendem a ser pouco competitivas, na medida que o poder e eficácia estão relacionados à memória organizacional.\"

 

Este pensamento é complementado por DRUCKER (1981) em seu \"O gerente eficaz\", quando diz:

\"Uma organização não é, como um animal, um fim em si mesma e bem sucedida pelo mero ato de perpetuação da espécie. Ela é um órgão da sociedade e se justifica pela contribuição que presta ao ambiente exterior. E, contudo, quanto maior e aparentemente mais bem sucedida se torna uma organização, tanto mais os acontecimentos internos tendem a engajar os interesses, as energias e as capacidades do gerente, excluindo sua real missão e sua verdadeira eficácia no exterior.\" (p. 23)

 

As organizações estão agora focalizando suas atenções nos tipos de informação que formam ou podem vir a formar o conhecimento que gerará seus novos produtos, suas novas riquezas e seus novos serviços.

 

 

4. O VALOR DA INFORMAÇÃO

 

Quando na época de Taylor se dizia que uma empresa era dividida em força de trabalho e equipamentos, era porque - apesar do uso do conhecimento na operação de máquinas e na utilização de materiais diversos - considerava-se que o trabalho apenas obedecia o que hoje se chama de \'esforço por repetição contínua\'.

Com a importância adquirida pela informação nos últimos anos, diversos autores começaram a desenvolver um trabalho de classificação e atribuição de valor às informações.

CHIAVENATTO (1999 apud MORESI, 2000) dividiu as organizações em três níveis a saber: operacional, intermediário (ou gerencial) e institucional, identificando tipos diferentes de informação em cada um deles para o desenvolvimento de suas atividades. Assim, um trabalhador de linha de montagem em uma fábrica, utiliza informações pertinentes ao trabalho que faz (nível operacional); um chefe de setor gerencia as atividades dos montadores e soldadores, devendo conhecer o utilidade final do item montado - ou sua aplicação - para poder avaliar e analisar o desenvolvimento do trabalho (nível intermediário); da mesma forma, o dono de uma empresa (ou o presidente ou diretor), deve se manter atento à chefia estabelecida por seus gerentes, colhendo informações sobre os seus mais diversos setores e desenvolvendo propostas e alternativas para o funcionamento da organização (nível institucional).

AMARAL (1994 apud MORESI, 2000) classificou quatro tipos de informação: crítica, mínima, potencial e sem interesse, conforme o grau de importância da mesma.

Sua classificação complementa a de KING & KRACMER (1998 apud MORESI, 2000), que divide a informação em interna e externa.

No entanto, o que chama a atenção na classificação de AMARAL (1994 apud MORESI, 2000) é que, para cada nível da organização - conforme CHIAVENATTO (1999 apud MORESI, 2000) -, ela é totalmente diferente.

Assim, uma informação vital para a diretoria de uma empresa (informação crítica - nível institucional) pode ser vista como dispensável pela chefia de um setor qualquer (informação sem interesse - nível intermediário).

A partir destas definições, MORESI (2000), cita CRONIN (1990), que identifica quatro formas de se avaliar a informação, destacando seu valor por utilidade, trocabilidade, propriedade e restritividade. 12

TARAPANOFF, ARAÚJO JÚNIOR e CORMIER (2000) dizem que:

\"Agregar valor a produtos e serviços significa imprimir aos mesmos uma diferenciação que os torna mais atraentes aos olhos dos consumidores, quer seja em termos de qualidade, rapidez, durabilidade, assistência ou preço. Podem se identificadas seis categorias de atividades de valor agregado: facilidade de uso, redução de informação desnecessária, qualidade, adaptabilidade, economia e tempo de custo (Taylor, 1986).

\"No que se refere à informação, a agregação de valor excede os métodos tradicionais de consulta, pesquisa e disponibilização de informação aos usuários das também tradicionais bibliotecas. As atividades do bibliotecário podem incluir: treinamento, trabalho especializado e atendimento a consultas dos usuários sobre seleção de fontes de informação; desenvolvimento de estratégias de pesquisa/busca; avaliação da informação.\"

 

Em contraponto à citação acima, deve-se ressaltar que tais atribuições relacionadas aos bibliotecários também são pertinentes aos arquivistas, documentalistas, pesquisadores e historiadores.

Quando a organização aprende a melhor maneira de lidar com as informações que recebe e produz e faz uso dos benefícios conseqüentes de forma correta, tem-se a base da inteligência competitiva.

Por outro lado, \"Com relação às unidades de informação, é condição precípua a identificação do seu macroambiente para que se possa determinar, a partir daí, a possibilidade de utilização da inteligência competitiva em seus processos\" (TARAPANOFF, ARAÚJO JÚNIOR e CORMIER, 2000), sugerindo que, para um melhor desenvolvimento de suas atividades e uma expressiva melhoria de desempenho, tanto a organização como os seus funcionários ampliem seus conhecimentos acerca da ciência da informação e das suas disciplinas complementares, antecipando, assim, as demandas provenientes de \"novas tendências em relação às novas estruturas, à facilidade de acesso à informação, à formação, à agregação de valor e qualidade a esses produtos, bem como à sua personalização (customização), função de redes e de posicionamento no mercado\" (TARAPANOFF, ARAÚJO JÚNIOR e CORMIER, 2000).

MORESI (2000) define o valor da informação por uma equação que define todos os fatores que a determinam pela sua importância. Assim, o valor da informação seria formado pela função de cada um desses fatores (informação, organização, finalidade, ações e resultados).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


5. PRODUÇÃO DE INTELIGÊNCIA

 

A seqüência abaixo ilustra, de forma sintética, os diferentes níveis hierárquicos da informação, seus diferentes caminhos de evolução e o que cada nível engloba:

 

Dados:

classe mais baixa da informação;

matéria-prima na produção de informações;

sinais não processados;

coleta: interna ou externa.

 

Informações:

dados processados;

geram hipóteses e suas conseqüências;

solucionam problemas;

explanações e justificativas de sugestões;

críticas de argumentos.

 

Conhecimento:

aprendizado de informações;

torna informações em utilizáveis para processamento e elaboração;

pode resultar de inferência na sua própria estrutura.

 

Inteligência:

informação como oportunidade;

conhecimento sintetizado;

base do processo decisório;

sua efetividade é o que gera experiência.

 

 

A construção da inteligência organizacional remete à busca pelo sucesso profissional. Deve-se lembrar que toda inteligência deve ser atualizada constantemente. A eficiência do sistema de informações depende exatamente da formação dessa inteligência.

\"Infelizmente a inteligência está longe de ser definida. Além de toda a sua carga subjetiva, ela tem um componente dinâmico muito acentuado (o que era considerado inteligência no início do século, hoje não é... sem contar as \'verdades\' culturais.

 

\"Em 1921, uma publicação americana da área de psicologia solicitou a 14 famosos psicólogos definições sobre o que era a inteligência. Apesar da diversidade de definições, duas predominaram: 1) A capacidade de aprender com a experiência e 2) a capacidade de se adaptar às mudanças do ambiente.

\"Em 1986, outros especialistas foram convidados e repetiram as mesmas teorias de 1921: a importância da capacidade de aprender e se adaptar.

\"Hoje, os especialistas atribuem maior ênfase à metacognição, à compreensão e ao controle que as pessoas têm de seus processos de raciocínio, traduzidos na capacidade de solucionar problemas e de tomar decisões. Outro ponto forte da definição moderna da inteligência é a ênfase no papel da cultura. O que é considerado inteligente em uma cultura pode ser considerado estúpido em outra. O comportamento que leva ao sucesso em um ambiente pode levar ao fracasso em outro.\" (CARDOSO, Vencer!, maio/2001, p. 37-38).

 

A definição acima em muito se identifica com a prática organizacional.

JOSÉ CARLOS BOICZUK REGO, na \"Vencer!\" de fevereiro de 2001, ao falar sobre os três \"Cs\" que trazem o sucesso, coloca o conhecimento como um deles. Os três \"Cs\" seriam o CONHECIMENTO, a CONTRIBUIÇÃO e o COMPROMETIMENTO.17

Há que se lembrar que, segundo MORESI ((2000), é o conhecimento sintetizado que compõe a inteligência. Mas, o mesmo MORESI (2000) afirma que a experiência também forma a inteligência, e a experiência vem exatamente de uma vivência organizacional de conhecimento, contribuição e comprometimento.

É também de MORESI (2000) a adaptação do referencial multivisão de AVISON & TAYLOR (1997).

\"O referencial multivisão (Avison & Taylor, 1997), que consiste em uma abordagem contingencial, é mais adequada que as demais, por ser uma técnica exploratória neste tipo de atividade. Ela oferece um referencial que orienta o analista na escolha das técnicas e das ferramentas para a solução de qualquer situação-problema e também recomenda documentação e outras normas. Existem várias situações em que este método foi usado com sucesso.\" (MORESI, 2000, p.22)

Assim, MORESI (2000) passa a sugerir que, no planejamento e no desenvolvimento de seu sistema de informação, a organização considere uma análise que capacite conclusões sobre: a estratégia de implantação do sistema, a organizacionalidade dos aspectos referentes às necessidades de informação da organização, sua importância em relação a geração de economia e aumento de produtividade, e a capacitação tecnológica, de forma a acompanhar a evolução.

Com isso, o referencial multivisão toma um formato de quebra-cabeças, fazendo a integração de cinco aspectos da importância da informação nas organizações, a saber: a) Análise Organizacional, b) Análise e Projeto Sóciotécnico, c) Desenvolvimento de Sistemas de Informação, d) Modelagem e Análise da Informação, e e) Projeto e Implementação Técnica.

A cadeia de valor aparece, então, como o conjunto das atividades executadas no \"sistema de informação, proporcionando sustentação ao processo decisório de uma organização\". (MORESI, 2000)

No esquema de MORESI (2000) para a cadeia de valor,

\"O fluxo da informação em uma organização é um processo de agregação de valor, e o sistema de informação pode ser considerado como a sua cadeia de valor, por ser o suporte para a produção e a transferência da informação.\"

 

6. GESTÃO DA INFORMAÇÃO: UMA QUESTÃO DE QUALIDADE

 

Muito se ouve falar, nos tempos atuais, em qualidade - qualidade de vida, produtos de qualidade, etc. -, mas pouco foi dito sobre a estreita ligação que há entre qualidade e informação.

\"A gestão de qualidade prevê o aporte do conhecimento necessário para a empresa poder ofertar produtos de acordo com os requisitos do mercado. Esse conhecimento é adquirido por meio da informação que, como insumo principal da empresa, é utilizada para capacitar as pessoas e estabelecer um sistema organizacional que as orienta e instrua sobre como executar suas atividade.\" (MOURA, 1995)

O pensamento acima, descrito por Moura (1995), reflete bem essa interligação entre qualidade e informação, numa relação de dependência direta.

Foi dito anteriormente que a informação agrega valor durante o seu fluxo pelos diversos setores da organização. A informação, para possuir valor agregado que gere qualidade e posterior lucro, deve obedecer aos critérios pré-estabelecidos por MORESI (2000), TARAPANOFF, ARAÚJO JÚNIOR & CORMIER (2000) e estar de acordo com DRUCKER (\"O gerente eficaz\", 1981 e sua entrevista à Revista Exame, 2000) e CIANCONI (1981). Moura complementa dizendo que:

\"A informação como insumo básico das empresas está presente em todas as suas atividades, desde o conhecimento do mercado e definição dos produtos, até a produção dos mesmos, passando pelo sistema de suprimentos e vendas. Não se trata de ter o processamento de dados mediante o uso de computadores, e sim de prover o conhecimento e orientações necessários a cada posto de trabalho, a cada processo, a cada função da empresa, no momento certo e na precisão requerida.\" (MOURA, 1995)

 

O óbvio da gestão da informação na busca da qualidade total gera a questão abordada por MOURA (1995, p.7) ao tratar da gestão da qualidade, que se define no sistema de qualidade.

\"O sistema de qualidade deve ser estruturado de acordo com a realidade de cada empresa, porém podem ser identificados pontos comuns, definidos pelas normas NBR ISO série 9000, especialmente no que tange às informações necessárias para garantir a qualidade dos produtos, sendo exatamente esse ponto que trata o presente estudo: como estabelecer um sistema de informação para o sistema de qualidade das empresas.

 

\"Uma visão do sistema de qualidade

 

\"O sistema da qualidade, conforme apresentado nas normas NBR ISO série 9000, estabelece que, ao longo da cadeia de produção de uma empresa, devam ser definidos procedimentos e responsabilidades para aqueles processos e atividades que afetam a qualidade do produto, bem como que sejam mantidos registros que evidenciem que o processo foi executado conforme estabelecido na documentação. A empresa deve, portanto, estabelecer uma devida organização da documentação que contenha os procedimentos, os planos e programas, assim como registros a respeito do ocorrido ao longo da produção.\" (MOURA, 1995, p.7)

 

As organizações ou empresas, ao buscar a qualidade total, implementam normas, definem responsabilidades, bem como esclarecem sobre os procedimentos dos processos, os planos e os registros. Tudo isso determina a forma pela qual os documentos serão geridos.

Deve-se interrelacionar os quesitos que tornam os sistemas eficientes, tais como:

 o Manual de Qualidade, com as normas internas da organização;

 o Regimento Interno, com as normas internas da organização e a possibilidade de aplicação da Norma geral Internacional de Descrição Arquivística (Norma ISAD(G)), otimizando a informação arquivística e dando consistência aos registros;

 os procedimentos com as ações que o complementam, suas instruções e seus respectivos registros, obedecendo a normatização do Manual de Qualidade e dando suporte para a construção da inteligência organizacional e para a melhoria do Sistema de Recuperação da Informação (SRI).

A tecnologia da informação, cada vez mais presente no dia a dia das organizações, vem exercendo forte influência nas perspectivas de desenvolvimento destas.

A informática, desde o seu surgimento como ciência, tem buscado fornecer elementos que otimizem a produção de bens e a circulação de informações de forma precisa e em tempo real.

Para uma organização moderna e informatizada, existe o que se chama de GED (Gerenciamento Eletrônico de Documentos). Mas o GED não elimina a necessidade de se manter um acervo de documentos em papel.

Apesar da efetividade da informática, muito ainda falta para a otimização dos serviços informatizados.

Mesmo com a aprovação da assinatura eletrônica, ainda não é confiável nem praticável a informatização dos serviços de forma plena.

Até mesmo quanto à produção, mesmo com toda a eficiência das máquinas,

\"É ilusório imaginar que a simples utilização da tecnologia da informação no sistema produtivo irá trazer ganhos substanciais de qualidade e produtividade. Não são raros os casos em que estratégias empresariais centradas na automação, alta tecnologia e informatização de processos produzem resultados pífios em termos de economias de custos e melhoria de desempenho organizacional. De forma geral, boa parte dos insucessos explica-se pelo fato de que as referidas estratégias foram adotadas sem alterações profundas no estilo gerencial, nas práticas organizacionais e na política de capacitação e desenvolvimento dos recursos humanos.\" (VALLE, 1996)

 

Outro ponto a ser considerado é que

\"A vantagem competitiva de qualquer organização começa com as pessoas, sua disciplina, motivação, qualificação e participação. Assim, antes da compra de equipamentos intensivos em tecnologia avançada, deve-se investir no potencial criativo e inovador das pessoas, desenvolvendo nelas novas habilidades e integrando-as plenamente ao processo de trabalho, com treinamento e educação geral. A capacidade criativa do trabalhador é um ativo valioso, parte integral da tecnologia da empresa.\" (VALLE, 1996)

 

CARVALHO & KANISKI (2000, p. 37) dizem que \"É ilusório defender que a aplicação das tecnologias da informação elimina a necessidade de organização do conhecimento.\"

Com o advento dos documentos eletrônicos e as diversas possibilidades oferecidas pela internet, surge um novo conceito de gestão de documentos, ainda sem forma definida e sem os parâmetros que definirão sua utilização futura, visto que há uma constante evolução de tecnologia, tanto no que concerne ao software quanto ao hardware.

"Oferecer condições apropriadas para desenvolver e aperfeiçoar a capacidade de expressão e de criação do fator humano é condição básica para a inovação e competitividade empresarial. A ênfase é que a organização seja uma instituição de aprendizagem contínua, que estimule e desenvolva o talento individual e na qual o pensamento analítico e abstrato da força de trabalho seja requisito imprescindível." (VALLE, 1996)

 

Desta forma, todos os funcionários envolvidos em tarefas distintas ou correlatas terão capacidade de empreender soluções através das informações de que disponham.

Outrossim, caberá ao arquivista, como gerente da informação, proporcionar a melhoria do fluxo informacional e a aceleração de seu sistema de recuperação.

 

 

7. CONCLUSÃO

 

Em diversos aspectos de sua evolução, aa arquivística sofreu influências da atualidade, nem sempre condizentes ou inerentes às reais necessidades dos arquivistas que dele cuidam.

Sabe-se que ainda existem diversos acervos em várias partes do mundo que são extremamente mal administrados, em geral, pela própria falta do profissional habilitado e/ou qualificado para a função.

A Gerência de Recursos Informacionais, que tem sido implementada em diversas organizações, é uma das mais importantes evoluções do mercado e, apesar da consistência dos cursos de biblioteconomia, este é um espaço mais voltado ao trabalho de arquivistas, por lidar, em grande parte, com documentos, dossiês, unidades de informação, arquivos e aspectos da informática voltadas aos procedimentos arquivísticos.

A grande disseminação de documentos eletrônicos traz a problemática do virtual para a questão da arquivologia e seu papel no mundo atual. A questão principal é como poderá ser definido o arquivamento e a gestão de documentos eletrônicos. Esta preocupação deve-se a necessidade de dar autenticidade, unicidade, valor de prova e confiabilidade aos documentos eletrônicos e à internet. É por este motivo que os arquivistas desenvolvem várias pesquisas em busca de soluções.

No plano dos documentos em papel e outros materiais, ainda é lento o desenvolvimento de ações que visem a melhorar as condições do acervo, contrapondo-se diretamente com a busca da otimização dos Sistemas de Recuperação de Informação, que ainda são muito lentos. A grande dificuldade em se obter tal melhoria, vem da deficiência de muitos 'arquivistas', que exercem a profissão sem jamais procurarem por uma atualização e um aperfeiçoamento profissional.

Um dos pontos mais benéficos da arquivística atual, tem sido a crescente procura pela padronização da organização dos mais variados fundos, através do emprego da Norma ISAD(G).

Além disso, com o desenvolvimento da consciência sobre a importância dos documentos em seus diversos aspectos e características, além da necessidade do empreendimento de métodos mais eficientes e mais eficazes para a disseminação seletiva da informação, deu aos arquivos o aspecto que mais se aproxima de suas reais funções: a assessoria para as tomadas de decisão - mesmo quando não se encontra, na estrutura, em posição de staff.

Assim, espera-se que em um futuro próximo, os arquivistas sejam, então, reconhecidos por sua vital importância no desenvolvimento das atividades das organizações (sejam elas quais forem), pois, só assim, ser-lhes-á possível desenvolver e aprimorar os serviços de gestão de documentos, de GRI, e o aperfeiçoamento dos SRIs e DSIs existentes.

 

 

 

 

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

8.1. OBRAS CITADAS

 

BORGES, Maria Alice Guimarães. A compreensão da sociedade da informação. Revista Ciência da Informação, Brasília, v.29, n. 3, p. 25-32, set./dez. 2000.

 

CARDOSO, Margot. Vivendo com inteligência. Revista vencer!, São Paulo, Ano II, n. 20, p. 34-37, maio 2001.

 

CARVALHO, Isabel Cristina Louzada , KANISKI, Ana Lúcia. A sociedade do conhecimento e o acesso à informação: para que e para quem? Revista Ciência da Informação, Brasília, v.29, n. 3, p. 33-39, set./dez. 2000.

 

CIANCONI, Regina de Barros. Gestão de documentos: uma revisão. Informare, Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, p. 4-30, jan./jun. 1998. ISSN 0104-9461

 

DRUCKER, Peter F. O gerente eficaz. 9. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981. 184 p. Tradução de William Heinemann.

 

DRUCKER, Peter F. Com um pé atrás - entrevista a James Daly. Revista Exame, São Paulo: Ed. Abril, Ano 34, n. 23, 727. ed., p. 120-128, 15 nov. 2000.

 

MORESI, Eduardo Amadeu Dutra. Delineando o valor do sistema de informação de uma organização. Revista Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 1, p. 14-24, jan./abr. 2000.

 

MOURA, Luciano Raizer. Informação: a essência da qualidade. Revista Ciência da Informação, Brasília, v. 25, n. 1, p. [16 ?-25 ?], jan./abr. 1995.

 

RAMOS, Paulo Baltazar. A gestão da informação das unidades de informação. Revista Ciência da Informação, Brasília, v. 25, n. 1, p. [4 ?- 15 ?], jan./abr. 1995.

TARAPANOFF, Kira , ARAÚJO JÚNIOR, Rogério Henrique , CORMIER, Patricia Marie Jeanne. Sociedade da informação e inteligência em unidades de informação. Revista Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 3, p. 91-100, set./dez. 2000.

 

VALLE, Benjamim de Medeiros. Tecnologia da informação no contexto organizacional. Revista Ciência da Informação, Brasília, v. 25, n. 1, p. [4 ?- 10?], jan./abr. 1996.

 

8.2. OBRAS CONSULTADAS

 

DRUCKER, Peter F. O gerente eficaz. 9. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981. 184 p. Tradução de William Heinemann.

 

MORESI, Eduardo Amadeu Dutra. Delineando o valor do sistema de informação de uma organização. Revista Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 1, p. 14-24, jan./abr. 2000.

 

REGO, José Carlos Boiczuk. Os três \"Cs\" e o segredo do sucesso. Revista Vencer!, São Paulo, Ano II, n. 17, fev. 2001.

 

RODAS, Sérgio de Paiva. Considerações sobre o emprego da GRI no Brasil. Informare, Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, p. 71-95, jan./jun. 1998. ISSN 0104-9461

 

Fonte do documento:http://www.portalprudente.com.br/apostilas/apostilas_variadas/Arquivologia.doc

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