Literatura Brasileira resumo
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Literatura Brasileira resumo
Literatura Brasileira
Barroco
O termo barroco denomina genericamente todas as manifestações artísticas dos anos 1600 e início dos anos 1700. Além da literatura, estende-se à música, pintura, escultura e arquitetura da época.
Mesmo considerando o Barroco o primeiro estilo de época da literatura brasileira e Gregório de Matos o primeiro poeta efetivamente brasileiro, com sentimento nativista manifesto, na realidade ainda não se pode isolar a Colônia da Metrópole, Ou, como afirma Alfredo Bosi; "No Brasil houve ecos do Barroco europeu durante os séculos XVII e XVIII: Gregório de Matos, Botelho de Oliveira, Frei Itaparica e as primeiras academias repetiram motivos e formas do Barroquismo ibérico e italiano''. Além disso, os dois principais autores - Pe. Antônio Vieira e Gregório de Matos tiveram suas vidas divididas entre Portugal e Brasil.
Em Portugal, o Barroco ou Seiscentismo tem seu início em 1580 com a unificação da Península Ibérica, o que acarretará um forte domínio espanhol em todas as atividades, daí o nome Escola Espanhola, também dado ao Barroco lusitano. O Seiscentismo se estenderá até 1756, com a fundação da Arcádia Lusitana, já em pleno governo do Marquês de Pombal, aberto aos novos ares da ideologia liberal burguesa iluminista, que caracterizará a segunda metade do século XVIII.
No Brasil, o Barroco tem seu marco inicial em 1601 com a publicação do poema épico Prosopopéia, de Bento Teixeira, que introduz definitivamente o modelo da poesia camoniana em nossa literatura. Estende-se por todo o século XVII e início do século XVIII. O final do Barroco brasileiro só se concretizou em 1768, com a fundação da Arcádia Ultramarina e com a publicação do livro Obras, de Cláudio Manuel da Costa. No entanto, já a partir de 1724, com a fundação da Academia Brasílica dos Esquecidos, o movimento academicista ganhava corpo, assinalando a decadência dos valores defendidos pelo Barroco e a ascensão do movimento árcade.
O estilo barroco nasceu da crise de valores renascentistas ocasionada pelas lutas religiosas e pela crise econômica vivida em conseqüência da falência do comércio com o Oriente. O homem do Seiscentismo vivia um estado de tensão e desequilíbrio, do qual tentou evadir-se pelo, culto exagerado da forma, sobrecarregando a poesia de figuras, como a metáfora, a antítese, a hipérbole e a alegoria.
Todo o rebuscamento que aflora na arte barroca é reflexo do dilema, do conflito entre o terreno e o celestial, o homem e Deus (antropocentrismo e teocentrismo), o pecado e o perdão, a religiosidade medieval e o paganismo renascentista, o material e o espiritual, que tanto atormenta o homem do século XVII. A arte assume, assim, uma tendência sensualista, caracterizada pela busca do detalhe num exagerado rebuscamento formal.
Podemos notar dois estilos no barroco literário o Cultismo e o Conceptismo. O Cultismo: é caracterizado pela linguagem rebuscada, culta, extravagante; pela valorização do pormenor mediante jogos de palavras, com visível influência do poeta espanhol Luís de Gôngora daí o estilo ser também conhecido por Gongorismo. O Conceptismo: é marcado pelo jogo de idéias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, racionalista, que utiliza uma retórica aprimorada. Um dos principais cultores do Conceptismo foi o espanhol Quevedo, de onde deriva o termo Quevedismo.
Arcadismo
O Arcadismo, Setecentismo (os anos 1700) ou Neoclassicismo é o período que caracteriza principalmente a segunda metade do século XVIII, tingindo as artes de uma nova tonalidade burguesa. Vive-se, agora, o Século das Luzes, o Iluminismo burguês que prepara o caminho para a Revolução Francesa.
No início do século XVIII ocorre a decadência do pensamento barroco, para a qual colaboraram vários fatores: o exagero da expressão barroca havia cansado o público, e a chamada arte cortesã, que se desenvolvera desde a Renascença, atinge em meados do século um estágio estacionário e mesmo decadente, perdendo terreno para o subjetivismo burguês; o problema da ascensão burguesa supera a questão religiosa surgem as primeiras arcádias, que procuram a pureza e a simplicidade das formas clássicas no combate ao poder monárquico, os burgueses cultuam o "bom selvagem'', em oposição ao homem corrompido pela sociedade do Ancien Régime (o velho regime monárquico). Como se observa, a burguesia atinge a hegemonia econômica e passa a lutar pelo poder político, então em mãos da monarquia. Isso se reflete claramente no campo social e artístico: a antiga arte cerimonial cortesã dá lugar ao gosto burguês.
O Arcadismo tem espírito nitidamente reformista, pretendendo reformular o ensino, os hábitos, as atitudes sociais, uma vez que é a manifestação artística de um novo tempo e de uma nova ideologia. Se no século XVI Portugal esteve influenciado pela cultura italiana e no século XVII, pela cultura espanhola, no século XVIII a influência vem da França e, mais importante, da emancipação política da burguesia. Essa mesma burguesia é responsável pelo desenvolvimento do comércio e da indústria e já assistia a algumas vitórias na Inglaterra e Estados Unidos. Na França, a partir de 1750, os filósofos atacam o poder real e clerical e denunciam a corrupção dos costumes com grande violência.
Em Portugal, o Arcadismo estende-se desde 1756, com a fundação da Arcádia Lusitana, até 1825, com a publicação do poema "Camões", de Almeida da Garrett, considerado o marco inicial do Romantismo português.
No Brasil, considera-se como data inicial do Arcadismo o ano de 1768, em que ocorrem dois fatos marcantes: a fundação da Arcádia Ultramarina, em Vila Rica, e a publicação de Obras, de Cláudio Manuel da Costa.
A Escola Setecentista desenvolve-se até 1808, com a chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, a qual, com suas medidas político - administrativas, permite a introdução do pensamento pré - romântico no Brasil.
Os modelos seguidos pelos árcades são os clássicos greco-latinos e os renascentistas; a mitologia pagã é retomada como elemento estético. Daí a escola ser conhecida também como Neoclassicismo.
Inspirados na frase de Horácio Fugere urbem (fugir da cidade) e levados pela teoria de Rousseau acerca do ''bom selvagem'', os árcades voltam-se para a natureza em busca de uma vida simples, bucólica, pastoril. É a procura do locus amoenus, de um refúgio ameno em oposição aos centros urbanos monárquicos; a luta do burguês culto contra a aristocracia se manifesta na busca da natureza. Cumpre salientar que esse objetivo configurava apenas um estado de espírito, uma posição política e ideológica, uma vez que todos os árcades viviam nos centros urbanos e, burgueses que eram, lá estavam seus interesses econômicos. Isso justifica falar-se em fingimento poético no Arcadismo, fato que transparece no uso dos pseudônimos pastoris. Assim, o Dr. Tomás Antônio Gonzaga adota o pseudônimo de Dirceu, pobre pastor. O Dr. Cláudio Manuel da Costa é o guardador de rebanhos Glauceste Satúrnio. Do mesmo modo, Manuel Maria L'Hedoux Barbosa du Bocage é Elmano Sadino. Essas contradições se patenteiam em suas obras, reacionárias, uma vez que tentavam ofuscar o progresso urbano que os próprios árcades geravam.
Assim é que as características do Arcadismo em Portugal e no Brasil seguem a linha européia: a volta aos padrões clássicos da Antigüidade e do Renascimento; a simplicidade; a poesia bucólica, pastoril; o fingimento poético e o uso de pseudônimos. Quanto ao aspecto formal, temos o soneto, os versos decassílabos, a rima optativa e a tradição da poesia épica.
O Arcadismo brasileiro é também denominado Escola Mineira, uma vez que seus poetas têm ligação direta com Minas Gerais, sua geografia, sua política e sua história.
Romantismo
Movimento que surgiu por volta de 1830, prolongando-se até 1870-80. Seus traços principais são o forte desejo de expressar as peculiaridades do país e a valorização dos aspectos mais individuais da vida afetiva. Também preocupou-se em consolidar uma literatura tipicamente brasileira, tanto em termos temáticos quanto estilísticos. A primeira grande figura deste período foi o poeta Gonçalves Dias, que estabeleceu os parâmetros do romantismo brasileiro. Na prosa, Joaquim Manuel de Macedo sugeriu a fórmula do romance de costumes. O ultra-romantismo da metade do século tem em Álvares de Azevedo seu maior representante. Casimiro de Abreu (1837-60) mostrou um sentimentalismo mais suave em sua poesia. O ponto culminante do gosto romântico pela musicalidade foi alcançado com Fagundes Varela (1841-75), em sua poesia altamente elaborada. A plasticidade e o rigor vocabular de Castro Alves iniciaram a transição para o Parnasianismo. No romance, Manuel Antônio de Almeida e seu Memórias de um Sargento de Milícias abriram caminho para o realismo. Criador de vários estilos de romance, José de Alencar é considerado o mais importante prosador do romantismo brasileiro. Ainda na corrente regionalista, apareceram Bernardo Guimarães (1825-84), com A Escrava Isaura, e o visconde de Taunay, com Inocência. O poeta Sousândrade (1832-l902), autor de O Guesa, da segunda geração romântica, é considerado precursor do Simbolismo e do modernismo.
Realismo / Naturalismo
O novo estilo iniciou-se no Brasil com a publicação do romance naturalista O Mulato, de Aluísio Azevedo, e do romance realista Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, ambos publicados em livro no ano de 1881. São romances urbanos, ou seja, que têm como cenário a cidade grande.
É a representação artística de algum aspecto da vida, que produz um efeito convincente de vida real. No realismo, os artistas não podem simplesmente reproduzir ou refletir a realidade; devem selecioná-la e moldá-la, obtendo uma ilusão de fidelidade à vida, ao excluírem quaisquer elementos idealizados, sobrenaturais, melodramáticos ou escapistas em favor de uma descrição 'neutra' de pessoas comuns, num meio ambiente nada marcante. No naturalismo, ocorre a tentativa de fixar a realidade de modo objetivo, quase científico.
Parnasianismo
Somente com o Parnasianismo a poesia da época do Realismo/Naturalismo conseguiu alguma qualidade e, sobretudo, interessar ao público leitor.
O estilo Parnasiano surgiu na França. O termo relaciona-se a um lugar mitológico da Grécia, o Parnassus, que seria a morada das musas e onde os artistas buscariam inspiração. O Parnasianismo só conseguiu êxito na França e no Brasil.
Durante dez anos (de 18866 a 1876) publicou-se na França a revista literária Le Parnaise Contemporain (O Parnaso Contemporâneo), em que poetas empregavam uma nova maneira de fazer poesia, cuja característica principal era a oposição à subjetividade romântica.
Um dos principais norteadores dos parnasianos era a "arte pela arte", ou seja, a concepção de que a arte deve estar descompromissada da realidade, procurando atingir sobretudo a perfeição formal. Isto significa: a arte por ela mesma, sem outra finalidade. Os parnasianos elegeram a Antigüidade clássica (cultura greco-romana) como ponto de referência para a almejada perfeição formal.
No Brasil, considera-se como marco inicial do Parnasianismo a publicação da obra Fanfarras, de Teófilo Dias, em 1882.
Simbolismo
Movimento artístico que se desenvolveu particularmente na França, entre 1880 e 1890, baseando no postulado de que a função da arte é sugerir, através de símbolos, a realidade transcendente que está para além da superfície aparente das coisas. Na literatura, o Simbolismo teve sua origem na obra de Baudelaire. Este movimento desenvolveu-se, em parte, como uma reação ao Naturalismo.
Considera-se o ano de 1893 como marco inicial desse estilo no Brasil. É nesse ano que Cruz e Sousa publica dois livros: Missal - coletânea de poemas em prosa - e Broquéis - poemas.
Fonte do documento: http://www.oocities.org/vest_rj/estilos.doc
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Literatura Brasileira resumo
Brasileira, Literatura, obras elaboradas no Brasil desde os textos de informação, informações que os viajantes e missionários europeus colhiam sobre a natureza e o homem do Brasil colônia, até nossos dias. Do ponto de vista literário interessa destacar a evolução das formas estéticas que correspondem aos estilos artísticos que tiveram representação no Brasil. A primeira etapa corresponde ao barroco literário. A segunda, às transformações do barroco, às tentativas de renovação arcádica e neoclássicas e ao romantismo e seus prolongamentos. A terceira, às tendências do fim do século: modernismo e pós-modernismo.
Segundo Antônio Cândido, a literatura brasileira pode ser dividida em três períodos: 1º: a era das manifestações literárias que vai do século XVI à metade do século XVIII. 2º: a era da configuração do sistema literário que tem início na primeira metade do século XVIII à segunda metade do XIX. 3º: a era do sistema literário consolidado, da segunda metade do século XIX até nossos dias.
Barroco
Os ciclos de ocupação da terra sucederam-se em consonância com as possibilidades demográficas e os interesses econômicos. Do litoral para o interior foram se definindo manchas de povoamento que originaram ilhas culturais. Estas, segundo Viana Moog, foram sementes da literatura regionalista que se faz presente ao longo de toda a história literária do país.
Nesta primeira fase é sensível a presença da Europa: ibéria, no barroco; Itália, no arcadismo; francesa, no iluminismo (ver Século das Luzes). Define-se, ainda, a mediação da metrópole na transposição de valores estéticos do arcadismo e iluminismo. As manifestações literárias dos três primeiros séculos brasileiros respondem, antes de mais nada, ao problema da expansão ultramarina. A Carta de Pero Vaz de Caminha, oficializando para Portugal a posse das terras brasileiras, e o Diário de Navegação de Pero Lopes e Martim Afonso de Souza (1530) podem ser incluídos na Literatura de Viagens, gênero definido ao longo do século XV, em Portugal.
O processo expansionista desdobra-se na colonização. Vencido o mar, começa a preocupação com a terra desconhecida que significava um desafio pois, aparentemente, era indomesticável. Logo surgiram propostas para a possível resistência, agressividade e inconquistabilidade do índio. Esta preocupação manifesta-se na necessidade de registrar informações, organizar elencos e catálogos. Por estes motivos são importantes os Textos de Informação, entre os quais se inserem Tratado da terra do Brasil (1570) e História da província de Santa Cruz (1576), de Pero de Magalhães Gandavo; Narrativa epistolar e o tratado da terra e gente do Brasil (1587), de Gabriel Soares; Diálogo das grandezas do Brasil (1618), de Ambrósio Fernandes Brandão; Diálogo sobre a conversão do gentio, do padre Manuel da Nóbrega; História do Brasil (1627), de frei Vicente de Salvador e os três primeiros séculos das Cartas jesuíticas.
Estes textos descrevem a terra, os costumes silvícolas e revelam a expectativa do colonizador em encontrar ouro e prata. Já os textos jesuíticos, mesmo os literários, de poesia ou teatro, têm como pano de fundo a preocupação missionária, alimentada pelo clima proporcionado pelas resoluções do Concílio de Trento. Esta realidade é facilmente identificada na obra do padre, poeta e dramaturgo José de Anchieta (1534-1597), autor de autos pastorís, entre eles, o Auto representativo da festa de São Lourenço (1583), e de poemas em metros breves, de tradição medieval espanhola e portuguesa, entre os quais se destacam Santíssimo Sacramento e A Santa Inês.
O teatro liga-se aos vilancicos ibéricos, centrando-se no antagonismo entre anjos e demônios, bem e mal, vício e virtude. Nos poemas épicos, Anchieta mostra a influência de Virgílio. O polilingüismo de muitas poesias e autos expressa uma atitude adaptativa ao meio. A palavra escrita ajustava-se à nova realidade, tentando inculcar valores portugueses e cristãos na população autóctone e mestiça que começava a se constituir. Estes primeiros escritos, feitos no Brasil e sobre o Brasil, de acordo com critérios estéticos vigentes no ocidente, desvendam relações com estilos de vida e arte. São importantes por conterem uma literatura de imaginação, possível raíz do mito ufanista que se projeta através do tempo até a contemporaneidade.
Esteticamente, as criações literárias dos três primeiros séculos são barrocas, neoclássicas e arcádicas. A organização da prosa identifica-se com o barroco no processo de identificação ilusória e sensorial, expresso nos jogos de palavras, trocadilhos e enigmas. Conceitualismo e cultismo, na melhor tradição cultural ibérica, misturam o mitológico ao descritivo, a alegoria ao realismo, o patético ao satírico, o idílico ao dramático. A literatura brasileira nasceu com o barroco, pelas mãos jesuíticas. Neste trabalho merecem destaque o padre Antônio Vieira, Bento Teixeira, Gregório de Matos, Manuel Botelho de Oliveira, secundados por frei Manuel de Santa Maria Itaparica, padre Simão de Vasconcelos, frei Manuel Calado, Francisco de Brito Freire. Quando não integrantes da Companhia de Jesus, muitos destes autores foram educados pelos jesuítas, nos colégios ao lado das igrejas, em aulas de letras e humanidades, focos de transmissão da cultura metropolitana. Nelas, escoava-se a tradição portuguesa da retórica, base da formação intelectual e literária, preocupada em ensinar a falar e escrever com persuasão e beleza. Projetava-se, também, a postura intelectual da imitação de modelos, realizada nos escritos destes primeiros autores, em variados graus que vão da inspiração à glosa e tradução.
Nesta primeira fase, a literatura brasileira segue o ritmo lusitano do tempo. A obra do jesuíta, catequista e orador sacro Antônio Vieira (1608-1697) sincretiza marcas européias, portuguesas e brasileiras. Os 15 volumes de Sermões são de particular interesse para nossa literatura, principalmente o Sermão da primeiro domingo da Quaresma (1653) que versava sobre a extinção do escravismo índio e o Sermão XIV do rosário (1633), sobre os escravos negros. Na História do futuro, Antônio Vieira escreve um tratado sobre o profetismo onde defende a mística do 5º Império do Mundo, que seria português, com sede no Brasil. Beirando a heterodoxia, este texto obrigou seu autor a explicar-se ante o Tribunal do Santo Ofício. Maior orador sacro do Brasil, o padre Antônio Vieira era um barroco. Sua oratória é prolixa, cheia de alegorias nas quais revela a argúcia de seu raciocínio.
Bento Teixeira (1561-1600), cristão-novo português, nascido no Porto e morador em Pernambuco, escreveu a Prosopopéia, exaltando o terceiro donatário da Capitania de Pernambuco, Jorge de Albuquerque Coelho. Obra barroca, calcada em Os Lusíadas, exalta o herói estóico cristão, realcando valores como o heroísmo, a estirpe, o poder, a glória, a honra, a riqueza, o saber e as virtudes. Inspira-se na terra e tem um caráter eminentemente social e individual. Criação diretamente estruturada pela realidade, permite a realização, num plano imaginário, de uma coerência jamais atingida pelo autor, cripto-judeu, no plano real.
Gregório de Matos (1838-1696), natural da Bahia, cria uma poética composta de poemas líricos, religiosos e satíricos, nos quais retrata o Brasil com pessimismo realista, mesclado de obscenidades. Pela temática e técnica estilística, é a mais forte expressão individual do barroco na colônia. Manifestação da mestiçagem cultural, Gregório de Matos coloca em seus escritos antíteses, equívocos e jogos de palavras, transpostos dos modelos de Góngora e Quevedo. Sua obra é marcada pelos dualismos: religiosidade e sensualismo, misticismo e erotismo, valores terrenos e aspirações espirituais.
Manoel Botelho de Oliveira (1838-1711) publicou Musica do Parnaso (1705), dividido em quatro coros de rimas portuguesas, castelhanas, italianas e latinas, com seu descante cômico reduzido em duas comédias: Hay amigo para amigos e Amor, Engaños y Celos. Poeta-literato, segue os modelos de Marino Góngora e, em seu processo estilístico, destacam-se a analogia e a acentuação dos contrastes.
Frei Manoel de Santa Maria Itaparica, nascido na Bahia em 1704, escreveu uma epopéia sacra, Eustáquidos (1769), imitação dos épicos, e um poema, Descrição da cidade da Ilha de Itaparica. Simão de Vasconcelos produziu uma obra de edificação religiosa em que se distingue a Vida do venerável padre José de Anchieta (1672).
Frei Manuel Calado inspira-se na defesa da terra contra invasores estrangeiros para criar Valeroso Lucideno (1648). De autoria de Francisco Brito Freire é A Nova Lusitânia (1675). Nesta primeira fase não se deve estranhar o teor das manifestações literárias. Primeiro, pela fragilidade da vida intelectual na colônia, fato compreensível uma vez que a colonização foi um fenômeno burguês, com caráter empresarial, visando a produção e o lucro no comércio do açúcar. Não havia público para a produção literária, nem interesse nela, em um meio acrítico e desinteressado da vida cultural. No entanto, não houve deseuropeização: as estruturas do mundo que se erigia eram genuinamente portuguesas, embora passíveis de adoçamentos. As manifestações literárias foram, pois, desdobramentos da literatura portuguesa que, por sua vez, ainda não tinha desenvolvido, perfeitamente, os gêneros literários. Salvo raras exceções, a literatura barroca produzida na colônia acabou sendo de qualidade inferior. A própria obra de Anchieta, a mais alta expressão do barroco no seu tempo, não teve valor estético de primeira grandeza.
Neoclassicismo e Romantismo
Abrange as transformações do barroco, as tentativas de renovação arcádica e neoclássica e o romantismo. O início do século XVIII deixa entrever o declínio do barroco e as aberturas para o iluminismo, este ligado às transformações estéticas das Academias. No Brasil é coetâneo ao deslocamento do eixo político da Bahia para o Rio de Janeiro (1760) e a descoberta do ouro em Minas Gerais. Não é estranho que, nestas áreas, tenha surgido um movimento cultural ligado à crise do colonialismo e às aspirações de independência política. José de Santa Rita Durão (1722-1784) escreveu o poema épico Caramuru (1781) onde faz um balanço da colonização em meio a uma descrição hiperbólica da natureza. Neste poema são retratados os costumes dos índios, exaltadas a fé e a defesa da terra contra os invasores. José Basílio da Gama (1741-1795), com mentalidade iluminista e anti-jesuítica, escreveu o poema Uruguai (1769) em que descreve o choque da cultura branca com a indígena e, liricamente, adota uma atitude complacente com os selvagens.
Com o arcadismo, corrente de origem italiana, instalou-se a forma neoclássica que busca na natureza sua maior constante, identificando-a com a pureza e a bondade. No Brasil, este movimento nasce com os poetas da Escola mineira, Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto, Silva Alvarenga. Seu início é marcado pelas Obras poéticas (1768) de Cláudio Manoel da Costa (1729-1789). Em seus sonetos, églogas e no poema épico Vila Rica (1773), Cláudio Manuel da Costa deixa entrever influências de Petrarca e Camões, além de marcas de sua terra natal. Recorre ao procedimento temático da metamorfose, traduzindo a realidade brasileira em termos de tradição clássica. Incorporando o individualismo e o sentimento da natureza, o arcadismo mineiro inicia o lirismo pessoal.
Nesta linha, Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810) escreveu uma coleção de poemas de amor dedicados à Marília que contêm reflexões sobre o destino, externando uma visão horaciana do mundo. Autor também de Cartas chilenas (1789), poema satírico contra a sociedade e o governador de Minas.
Silva Alvarenga (1749-1814) escreveu o poema heróico-cômico O desertor (1774), apoiando as reformas pombalinas da instrução. Em Glaura (1799), abriga uma série de madrigais e pequenos poemas. Souza Caldas (1762-1814), um liberal influenciado por Rousseau, deixou o poema didático As aves, uma epístola em verso e prosa onde se rebelava contra os modelos greco-latinos, além de um livro de cartas que reponta as idéias de emancipação.
Com a fuga da família real portuguesa, em 1808, e o estabelecimento da corte no Rio de Janeiro, houve sucessivos progressos na vida intelectual, facilmente identificável na criação da imprensa e publicação de periódicos. Após a independência (1822) despontam a prosa patriótica, o ensaio político, o sermão nacionalista que se, literariamente, não foram significativos, foram-no para a definição da consciência nacional. Neste momento, o dado mais importante é a definição de que existe, ou deveria existir, uma literatura portuguesa e outra, brasileira.
Literariamente, este momento coincide com o romantismo, ruptura estilística com o arcadismo. Neste predominaram as influências literárias européias às quais foram incorporadas as produções da colônia. No romantismo prevalece a dimensão localista, associada ao esforço de ser diferente, uma veia aberta às reivindicações de autonomia nacional. Também caracterizam o espírito romântico, o individualismo, o subjetivismo, o ilogismo, o senso de mistério, o escapismo, o reformismo, o sonho, a fé, o culto à natureza, o retorno ao passado, o pitoresco, o exagero (Hibbard). Há, ainda, traços formais e estruturais: ausência de regras e formas prescritas, preferência pela metáfora. O romantismo, configurado nas três primeiras décadas do século XIX, plenamente instalado na segunda metade do mesmo século, processou-se através de ondas sucessivas, definindo uma estética e um estilo composto de elementos formais e espirituais. A nova estética abrange a poesia, a ficção e o drama, além de teorias críticas e literárias. Objetivava a criação do caráter nacional da literatura.
O nacionalismo romântico expressou-se no indianismo. O índio transmutou-se em símbolo nacional. Gonçalves de Magalhães, Visconde de Araguaia, (1811-1822), escreveu a Confederação dos Tamoios (1856); Gonçalves Dias (1823-1864), em seu poema I-Iuca Pirama, narra a história de um índio sacrificado por uma tribo inimiga. Primeiros cantos (1846) foi referência para a poesia nacional do período. No romance, a valorização do índio foi feita por José de Alencar (1829-1877) no Guaraní (1857) e em Iracema (1863), trabalhos cuja popularidade chegou aos dias atuais. O indianismo transfigura não mais a terra, mas o "homem natural", antes apenas objeto da descrição ou da sátira, dando ao brasileiro a ilusão de gloriosos antepassados. O indianismo mascara a origem africana, considerada menos digna (Roger Bastide).
Ainda no Romantismo surge a restauração do mito da infância e do retorno à inocência que encontra nos poemas Idéias íntimas de Álvares de Azevedo (1831-1851). Estados mórbidos de dúvidas evolam de Junqueira Freire e Casimiro de Abreu. Castro Alves (1847-1871) é autor de Espumas flutuantes (1867) e A cachoeira de Paulo Afonso (1876), poesia social e humanitária que teve peso nas campanhas pela abolição da escravidão negra. O movimento abolicionista inspiraram, ainda, A escrava Isaura (1875), de Bernardo Guimarães e As vítimas algozes (1869) de Joaquim Manuel de Macedo. Joaquim Nabuco (1849-1910) deixou O Abolicionismo (1883), ensaio político de relevo.
Fagundes Varela (1841-1875) foi considerado o último poeta romântico. Escreveu um poema sobre a catequese, Anchieta ou o evangelho das selvas (1875), além de versos decassilábicos rimados em Cantos e fantasias (1865). Neles opõe campo à cidade, demonstra solidariedade com os escravos e dilata seu patriotismo por todo o continente americano.
Em meados do século aparecem o romance e a comédia de Martins Pena (1815-1848), considerado o maior comediógrafo brasileiro. No romance, José de Alencar impôs-se com obra extensa e desigual, mas que o coloca como expoente da consciência literária brasileira. De sua autoria destacam-se Lucíola (1862), Diva (1864), A pata da gazela (1870), Sonhos d'Ouro (1872), Senhora (1873), livros que inovam ao analisar os personagens em confronto com as condições sociais e descrevendo situações simbólicas com linguagem adequada.
Também em meados do século, o romance passa a descrever lugares e modos de vida. Em A Moreninha (1844), Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882) narra amores convencionais da classe média. Em seus vinte romances, peças de teatro e poemas surge, pela primeira vez no Brasil, a figura profissional do escritor. Manuel Antônio de Almeida (1831-1861) escreveu Memórias de um sargento de milícias (1854), exemplo de simplicidade realista com que descreve a vida da pequena burguesia.
A invasão da poesia pela música leva às modinhas, poesia musicada, inspirada nas áreas de ópera. Com elas, a poesia penetra mais e diminui a distância entre cultos e incultos. Figuras representativas do último grupo dos românticos foram Franklin Távora, Bernardo Guimarães e Alfredo d'Escragnolle Taunay. Franklin Távora (1842-1888), teórico e romancista, escreveu sobre Pernambuco do século XVIII, adotando restrições à tendência da literatura de se relacionar com a cultura européia. Estabelece-se o conflito entre a tendência de vinculação à Europa e aquela que busca estabelecer uma tradição local, extremos entre os quais se debateria a consciência literária. Alfredo d'Escragnolle Taunay (1843-1899) compõe Inocência (1872) com cenário e costumes sertanejos, além de diálogos naturais pelo tom e vocabulário. Taunay voltou-se, depois, para o romance urbano, onde se destaca O declínio (1899) que trata do descompasso entre a paixão e o envelhecimento.
Em torno dos trabalhos do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, fundado em 1838, e das revistas Minerva Brasiliense (1843-1845) e Guanabara (1851-1855) forma-se uma teoria nacionalista da literatura e se organiza o estudo sistemático da produção literária.
Nos anos 70 do século XIX, o país conheceu grande desenvolvimento e o progresso se fez sentir nas cidades maiores. A imprensa se desenvolveu e novas revistas surgiram, como a Revista Brasileira (2ª fase, 1878-1881). A erudição e a pesquisa documental aparecem na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1839) e nos Anais da Biblioteca Nacional (1878). Na mesma época tem início um movimento de idéias filosóficas e literárias, inspirado no positivismo de Comte e no evolucionismo de Spencer, que se estendeu até o início do século XX. Este movimento ressoou na literatura, principalmente em Pernambuco, Ceará e Rio de Janeiro.
Há um retorno crítico contra o idealismo romântico, a cosmovisão religiosa e a legitimidade das oligarquias, com o apoio no cientificismo e no relativismo. Surge o naturalismo. Os gêneros literários tinham ganho autonomia e consistência quanto aos temas e estrutura. O sistema de idéias e normas estéticas, implantado na década de 1870, constituiu o complexo estilístico do realismo, naturalismo e parnasianismo. Estava configurado o sistema literário no Brasil. A literatura já era, então, a atividade regular dos intelectuais, há veículos de difusão da produção escrita e a tradição local é ponto de referência.
Realismo e Modernismo
Depois de 1870 há sensíveis modificações na posição mental dos intelectuais do Brasil que oscilavam entre o abolicionismo e a república, ou juntavam as duas motivações, unidas pela noção de liberdade e democracia. A passagem do estilo romântico para o realista é dada pela poesia científica e libertária de Silvio Romero, Fontoura Xavier e Valentim Magalhães. Instalava-se o realismo com sua vertente naturalista, tentando corrigir a espiritualização excessiva. O realismo procura a verdade retratando, fielmente, os personagens e a vida que interpreta objetivamente, analisando-a em todos os detalhes. Busca expressar-se numa linguagem simples, natural, próxima da realidade.
O realismo envereda pelo naturalismo no romance e no conto. O fatalismo pessimista emerge como pano de fundo da prosa de Aluízio de Azevedo (1857-1913), tanto em Mulato (1881), um estudo sobre o preconceito racial, como em Casa de pensão (1884) que versa sobre a conduta e a morte de um estudante. Em O cortiço (1890), Aluízio de Azevedo revela influência de Èmile Zola na inclusão do simbolismo significativo. O cortiço seria o Brasil, dependente e explorado pelas nações desenvolvidas.
Nesta fase a grande figura é Machado de Assis (1839-1908), jornalista, romancista, comediógrafo e primeiro escritor com noção exata do processo literário brasileiro. Como ficcionista escreveu uma centena de contos, entre os quais Papéis avulsos (1882), Histórias sem data (1884), Várias histórias (1896). Entre os romances de sua autoria estão Memórias póstumas de Braz Cubas (1881), Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904), Memorial de Aires (1908). Machado de Assis afasta-se dos modismos literários, transforma emoções em ambigüidades, demonstra interesse pela realidade social e se transforma no mais importante escritor brasileiro.
Raul Pompéia (1863-1895), em O ateneu (1888), guarda estreitas relações com experiências próprias ao descrever a vida colegial. Ataca o processo educativo por sua formalidade, considera-o uma expressão carcomida das instituições do império, entre as quais a escola seria um microcosmo.
O naturalismo voltou-se para o regional. Em Fortaleza, Ceará, surgem vários grêmios políticos e literários e alguns romances como Luzia-Homem (1903), de Domingos Olímpio Braga Cavalcanti (1850-1906), perfil da mulher excelente no pecado e na virtude.
Entre o crepúsculo do naturalismo e a Semana de Arte Moderna de 1922 instala-se a figura de Coelho Neto (1864-1934). No seu primeiro romance, A Capital Federal (1893), Coelho Neto fez uma crônica romanceada da vida carioca. Miragem (1895) tem narrativas sobre a vida doméstica onde, com realismo, retratam-se imagens burguesas. Em Inverno em flor (1897), a hereditariedade doentia gera a loucura e um amor incestuoso. Tormenta (1901) retoma a abordagem de patologias com o tema da morte e dos ciúmes.
Valdomiro Silveira (1873-1941) inicia a prosa regional patética em Os caboclos (1920), Nas serras e nas furnas (1931), Mixuango (1937), Leréias. Histórias contadas por eles mesmos (1945).
Monteiro Lobato (1882-1948) militou a favor do progresso. Urupês (1918), Cidades mortas (1919), Negrinha (1920) dão início à sua obra narrativa crítica em relação às oligarquias e à primeira República. Sua obra é permeada por costumes do interior e sátiras expressas em palavras pitorescas. O realismo - incorporando à literatura aspectos regionais, profissionais e populares -, concorreu para o desenvolvimento de um estilo e para a nacionalização da língua.
Simultaneamente, a poesia expressa-se no parnasianismo. O primeiro livro foi o de Teófilo Dias, Fanfarra (1882). Seguiram-no Alberto de Oliveira, Raimundo Correia, Olavo Bilac, e depois os neoparnasianos Martins Fontes e Amadeu Amaral. Caracterizam-se pela atenuação do sentimentalismo, desinteresse pela política, pedantismo gramatical e rebuscamento da linguagem. Os parnasianos resgatam o soneto, apegam-se ao rigor gramatical e ao casticismo vernacular, inspirado nos clássicos. De sua temática emergem descrições de salas de mármores, vasos de porcelana, metais preciosos, um quadro, uma cena, um retrato, corpos femininos.
Alberto de Oliveira (1857-1937) publica Canções românticas meridionais (1884), Sonetos e poemas (1885), Versos e rimas (1895). Olavo Bilac (1865-1918) recorre a motivos diversos: o índio, a guerra e a temática greco-romana em Poesias (1888), Crítica e fantasia (1906), Poesias infantis (1904). Raimundo Correa (1859-1911) estreou com uma coleção de versos intitulada Os primeiros sonhos (1879), vindo depois Sinfonia (1883), Versos e versões (1887), Aleluias (1891) e Poesias (1898).
Depois de 1890, o realismo naturalista começa a ser questionado pela introspecção do simbolismo, iniciado, no Brasil, por um grupo de escritores do Rio de Janeiro que se autodenominava "decadentistas". Este grupo recorria ao hieratismo gramatical com truncamentos de sintaxe, em busca de efeitos lingüísticos. Alinham-se, entre os "decadentistas", Cruz e Souza, B. Lopes e Oscar Rosas. Em Fortaleza, Ceará, autores se reúnem e fundam a "Padaria espiritual" (1892), passando a cultivar excentricidades. No simbolismo pode-se, ainda, inserir Aphonsus Guimarães (1870-1921), autor cristão que expressa a fé católica em poemas devotos e litúrgicos como Septenário das dores de Nossa Senhora (1899), Dona Mística (1899), Kyriale (1902), Pastoral aos crentes do amor e da morte (1923).
Depois de 1870, a consciência literária e crítica emerge, na História, com Capistrano de Abreu, Sílvio Romero na teoria da cultura e folclore, Araripe Jr. e José Veríssimo na crítica, Pedro Lessa no Direito, Miguel Lemos e Teixeira de Freitas nas idéias, Joaquim Nabuco e Rui Barbosa na política. Capistrano de Abreu (1853-1927) esboçou, sob influência de Taine, uma teoria da literatura nacional a partir de uma consideração de fatores que envolvia o clima, o solo e a mestiçagem, em sua opinião, os definidores do caráter do povo. Além de sua obra histórica, editou e comentou textos coloniais como a História do Brasil de frei Vicente de Salvador, os documentos da Visitação do Santo Ofício à Bahia e Pernambuco.
Silvio Romero (1851-1914) defende a ligação da literatura e demais artes com os fatores naturais e sociais. Publica Literatura Brasileira e a Crítica Moderna (1880) e História da Literatura Brasileira (1881). Demonstra o sentido do progresso da humanidade em O evolucionismo e o positivismo na república do Brasil (1894). Dá início à crítica sociológica propondo a abordagem da obra literária em função das realidades antropológicas e sociais.
José Veríssimo (1857-1916), preocupado com a gramática, produziu a obra crítica Estudos de literatura brasileira (6 séries, 1901-1907). A história da literatura brasileira (1916) é norteada pelas qualidades estéticas e significado histórico. A poesia parnasiana e simbolista e a literatura realista naturalista dominaram o gosto do país e foram fatores de resistência às mudanças estéticas. À esta situação, reagiu o modernismo.
O modernismo foi um movimento cultural que reviu o Brasil. Resultou de modelos importados da Europa (vanguardas francesa e italiana) aos quais foram associadas tendências nacionais. A obra inicial do modernismo foi Paulicéia desvairada (1922), de Mário de Andrade, que tem como personagem a cidade de São Paulo em ritmo de desenvolvimento. O outro centro do movimento foi o Rio de Janeiro.
A Semana de Arte Moderna, em fevereiro de 1922, precedida dos trabalhos de Menotti del Picchia e Oswald de Andrade que prepararam os espíritos para uma renovação literária aconteceu em São Paulo. Alguns autores de vanguarda uniram-se para combater o que consideravam "passadismo". A idéia inicial foi do pintor Di Cavalcanti que sugeriu a Paulo Prado organizar uma semana de escândalos em São Paulo. Esta "semana" — despida de qualquer conteúdo político, social ou popular — foi uma reunião de intelectuais. O modernismo teve linhas diversas, mas foi um importante fator de transformações e referencial da atividade artística e literária brasileira. Defendeu, basicamente, a liberdade da criação e experimentação. Investiu contra a estética acadêmica, valorizou os temas do cotidiano, pregou o uso da língua respeitando as diferenças geográficas do país.
Em São Paulo, surgiu o grupo Verde-amarelo, patriótico e sentimental, procurando se embasar no indianismo. A figura central deste movimento foi Mário de Andrade, (1893-1945), poeta, narrador, ensaísta, musicólogo, folclorista e líder cultural. Escreveu A Escrava que não é Isaura (1925), plataforma da nova poética, Amar, verbo intransitivo (1927) e um romance inovador, Macunaíma (1928), considerada sua obra prima.
Oswald de Andrade (1890-1954) escreveu Os condenados (1922) e Estrela do absinto (1927), prosa fragmentária, cheia de elementos contraditórios. Sua contribuição cresce nos romances Memórias sentimentais de João Miramar (1924) e Serafim Ponte Grande (1933) e nos poemas Pau Brasil (1925) e Primeiro caderno de poesia (1927). Interpreta a cultura brasileira como um processo de assimilação e recriação das idéias européias que resume no Manifesto antropofágico (1928) (ver Antropofagia cultural). Depois de 1930, aderindo ao comunismo, escreveu peças de teatro como O homem e o cavalo (1934). Mario e Oswald de Andrade lideram a ala inovadora do modernismo em São Paulo. No Rio de Janeiro a chefia do movimento foi de Graça Aranha (1868-1931) com seu romance Canaan (1902).
Importante, ainda, é citar o grupo da revista Festa (1928) onde aparece Cecília Meireles (1901-1964), e da revista Estética (1924-1925), dirigida por Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) e Prudente de Morais Neto (1905-1927). Aos modernistas de São Paulo, ligou-se um dos maiores poetas brasileiros: Manuel Bandeira. A parte mais importante de sua poesia está reunida em Libertinagem (1930).
A partir dos núcleos de São Paulo e Rio de Janeiro, a renovação literária se expandiu pelo Brasil através de manifestos, grupos e intercâmbio, frutificando, principalmente, em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul. Os anos de 1930 e 1940 aceitaram, plenamente, o modernismo ao lado do qual floresceu o regionalismo crítico do Nordeste.
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) aderiu ao movimento modernista com seus livros Alguma poesia (1930) e Brejo das almas (1934) onde procura desenvolver uma poesia não-poética. Nos livros seguintes funde componentes tradicionais (o passado da família) a componentes utópicos (desejos de redenção social). Nesta fase surgem Sentimento do mundo (1940), José (1942) e Rosa do povo (1949).
Murilo Mendes (1901-1975) inicia sua produção com poesia humorística, sofre influências do surrealismo refletida na obra O anjo (1934), e desagua no mistério e na transcendência após sua conversão ao catolicismo refletida em A invenção de Orfeu (1952).
Augusto Frederico Schmidt (1906-1965) é um neo-romântico que reage ao modernismo restaurando o mistério no tratamento de temas como o amor e a morte. Vinicius de Morais (1913-1980) inicia sua obra com um poema transcendente para se tornar, depois, um cantor da paixão e da simplicidade do cotidiano. A obra de Drummond e de Murilo enquadra-se na opção ideológica de volta ao cristianismo que marcou a cultura sob a liderança de Alceu Amoroso Lima, prolongando-se pela Ação Católica e pelo Integralismo.
No integralismo, a figura-central é Plínio Salgado (1895-1975), membro do grupo Verde-amarelo. Otávio de Faria (1908-1980) escreveu 13 volumes de romances visando temas como a adolescência face ao pecado e o comportamento entre a vocação e as convenções. Entre eles, merece destaque Tragédia burguesa.
Maior impacto teve o romance nordestino regionalista. Nele o homem pobre do campo e da cidade é focado na plenitude de sua condição humana. Graciliano Ramos (1892-1953) é o autor mais representativo com o romance Vidas Secas (1938) que narra a vida de uma família de retirantes. São Bernardo (1934) conta a história de um trabalhador rural que se torna proprietário e transpõe suas atitudes violentas para a vida afetiva. Angústia (1936) centra-se no drama do desajuste de um homem medíocre que se compensa com o crime. Graciliano Ramos, que sob a ótica regional tratava de problemas universais, não fez concessões à qualidade da escrita: é moderno pelo tratamento dispensado à tradição.
Tendências Contemporâneas
O experimentalismo estético da Semana de 22 gera uma ideologia com a qual foram reexaminados os problemas da cultura, como qualidade e tradição. O interesse pela vida contemporânea norteou Josué de Castro, Caio Prado Júnior, Jorge Amado e Jorge de Lima. O Estado Novo (1937-1945) e a Segunda Guerra Mundial aguçaram as tensões no plano das idéias e novas configurações históricas geraram novas experiências nas artes, principalmente na literatura. A produção dos autores da primeira metade do nosso século deixa transparecer angústias e projetos inéditos nos trabalhos de poetas, narradores e ensaistas. Na poesia, a geração de 45 isolou os cuidados métricos, procurando se contrapor à literatura de 22, menosprezando as conquistas do modernismo.
No panorama da nova poesia brasileira, Fernando Ferreira de Loanda insiste na afirmação da diferença e na busca de novos caminhos. É a posição de Alphonsus Guimarães Filho, Péricles Eugenio da Silva Ramos, João Cabral de Melo Neto, Paulo Mendes Campos, Hélio Pellegrino e Lêdo Ivo, entre outros. Todos defendem um gênero intimista onde imagens são correlatas ao sentimento que os símbolos ocultam e sugerem. Submetem-se às exigências técnicas e formalizantes. Depois de 1950, a obsessão pelo desenvolvimento domina a literatura. O nacionalismo desloca-se da direita para as ideologias de esquerda. Renova-se o gosto pelo regional na obra de Ariano Suassuna, Gianfrancesco Guarnieri, Augusto Boal e Dias Gomes. Na ficção, destaca-se João Guimarães Rosa em cuja obra o natural, o infantil e o místico são recuperados nas fontes da linguagem iletrada.
Ainda na ficção, o realismo cientificista do século XIX é substituído pela visão crítica das relações sociais, principalmente em Érico Veríssimo e José Américo de Almeida. No romance psicológico caminha-se pela introspecção da psicanálise. Socialismo, freudismo, catolicismo são usados para a compreensão do homem social. Na poesia, o concretismo - ou poesia concreta - impôs-se depois de 1956 como expressão da vanguarda estética. O grupo inicial é o da Antologia Noigrandes. Nomes de proa são os de Haroldo de Campos, Auto do possesso (1950), Augusto de Campos, O rei menos o reino (1951) e Décio Pignatari, O carnaval (1950). O grupo abandona o verso e busca uma linha de sintaxe espacial. O ponto de partida da estética é a estrutura verbo-visual. Inova no campo semântico (ideogramas), sintático (redistribuição de elementos do discurso), léxico (neologismos, estrangeirismos, tecnicismos), morfológico (desintegração dos sintagmas nos seus fonemas), fonético (aliterações, assonâncias), topográfico (abolição do verso, uso construtivo de espaços em branco).
São desdobramentos da vanguarda concretista os trabalhos de autores mineiros reunidos nas revistas Tendências (1957), Ptyx (1963) e Vereda (1964), publicadas em Belo Horizonte. Hoje, o poema é marcado pela objetividade, isto é, pela procura de imagens que tornem o texto instrumento de crítica da realidade social, além da procura de códigos que o insiram na comunicação de massas. Poesia participante e poemas tecnicistas estão em Ferreira Gullar com A luta corporal (1954), Dentro da noite veloz (1975) e Antologia poética (1976) e na obra de João Cabral de Melo Neto, entre elas a Pedra do sono (1942) e Educação pela pedra (1960).
Caminha, Pero Vaz de (c. 1450-1500), escrivão da expedição comandada por Pedro Álvares Cabral que descobriu o Brasil, em 22 de abril de 1500. Nascido, provavelmente, no norte de Portugal, faleceu na Índia, num conflito com muçulmanos.
Como seu pai o fizera, destacou-se como importante cidadão da cidade do Porto. Pertencente à classe dos letrados, muito próxima aos reis, foi cavaleiro de Afonso V, João II e Manuel I.
Sua importância para a história do Brasil e dos descobrimentos portugueses reside na Carta ao Rei D. Manuel o Venturoso escrita, em dias sucessivos, após a chegada da expedição de Cabral à Bahia, na qual narra o desenrolar dos acontecimentos.
No documento foi relatada a viagem, a descoberta da terra, os contatos com os indígenas, as características exuberantes da paisagem, as duas missas rezadas pelo franciscano frei Henrique Soares de Coimbra e a posse da nova terra em nome do rei de Portugal.
A descrição é rica, mais preocupada com os habitantes do que com a natureza. Revela interesse pela catequese dos indígenas e com a possibilidade de existência de ouro no interior.
Quanto aos indígenas, há certa ambigüidade, pois, embora a primeira parte do texto, relativa aos primeiros dias na terra, faça referências à beleza e inocência de homens e mulheres, sublinhando sua humanidade, na segunda parte eles aparecem como “seres bestiais”.
De qualquer modo, apesar da visão etnocêntrica a permear o texto, o autor faz, sem dúvida, uma imagem paradisíaca do homem primitivo.
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Literatura Brasileira resumo
Realismo/ Naturalismo
1. UnB-DF Foi Machado de Assis, por meio de suas personagens, quem afirmou o sentido
do livro:
“Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o
estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à
esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem…”
A respeito da obra de Machado de Assis e da formação da cultura brasileira nos quase dois
séculos de existência do Brasil independente, julgue os itens abaixo.
( ) Machado de Assis foi um autor extemporâneo ao Brasil ao carregar, com sua fina
ironia, um permanente deboche a respeito do povo brasileiro, pois este não sabia
apreciar a importância da cultura, em especial o valor do livro e da literatura.
( ) Os movimentos literários e culturais brasileiros ao longo dos dois últimos séculos,
embora tenham seguido as vogas e modas européias e norte-americanas, souberam
adaptar e recriar uma cultura nacional híbrida, própria e multifacetada.
( ) O Modernismo brasileiro que aflorou em 1922 desprezou a memória nacional e criticou
aberta e deliberadamente a obra literária de Machado de Assis.
( ) No seu tempo, Machado de Assis foi um mestre das letras na periferia do mundo e
um reformador das técnicas do romance e continua a ocupar papel relevante na cultura
contemporânea do Brasil.
2. UEGO A respeito da ficção de Machado de Assis:
( ) A atenção do autor concentra-se no suceder de movimentos psicológicos. Os acontecimentos
exteriores, a natureza, o cenário, são descritos apenas quando provocam
reações nas personagens.
( ) Os textos machadianos revelam não apenas refinamento lingüístico, mas uma forma
trabalhada, limpa e perfeita.
( ) Constata-se humor sutil e permanente, destruindo as ilusões e pieguices românticas,
apresentando uma visão aguda e relativista de todos os valores da sociedade.
( ) Sua produção ficcional costuma fixar quadros regionais, repletos de descrições sobre
a natureza e de suas personagens típicas.
( ) A incorporação de recursos da crônica jornalística é visível em seus textos, nos quais
a simplicidade de linguagem volta-se para a denúncia de injustiças e de arbitrariedades
cometidas no Brasil pós-republicano.
3. UnB-DF
“O Dr. Matos era um velho advogado que, em compensação da ciência do direito, que não
sabia, possuía noções muito aproveitáveis de meteorologia e botânica, da arte de comer, do voltarete,
do gamão e da política. Era impossível a ninguém queixar-se do calor e do frio, sem ouvir dele
a causa e a natureza de um e outro, e logo a divisão das estações, a diferença dos climas, influência
destes, as chuvas, os ventos, a neve, as vazantes dos rios e suas enchentes, as marés e a
pororoca. (…) Alheio às paixões da política, se abria a boca em tal assunto era para criticar igualmente
de liberais e conservadores, os quais todos lhe pareciam abaixo do país.”
ASSIS, Machado de. “Helena”. In: Obras completas de Machado de Assis. São Paulo: Egéria, 1980, p. 33.
Considerando o texto acima, julgue os itens a seguir, a respeito da articulação entre a
narrativa literária de Machado de Assis e o contexto em que viviam as classes abastadas do
Brasil de sua época.
( ) Mesmo vivendo sob o signo da escravidão, os temas dos textos políticos disponíveis
para a classe dominante do Brasil Império versavam acerca de um mundo importado,
liberal na sua essência, e cheio de boas maneiras.
( ) O bom comportamento do “velho advogado”, sua cultura cosmopolita e sua vocação
ensaísta compunham um mosaico de formas culturais europeizadas, sem adaptação
aos trópicos brasileiros.
( ) No seu tempo, Machado de Assis, um crítico sutil e mordaz, não foi acompanhado
por ensaístas, poetas e artistas em sua maneira de observar os costumes fúteis de uma
elite encantada com a Europa.
( ) O texto escorreito e o estilo inconfundível da escritura de Machado, como no caso da
descrição de gostos e habilidades do Dr. Matos, apresentada no texto, levou-o à condição
de um inovador na técnica de construção do romance, em comparação com
outros romancistas do seu tempo, mantendo-o, ainda hoje, como referência no sentido
da afirmação internacional da língua portuguesa.
INSTRUÇÃO: As questões de números 4 e 5 referem-se ao romance O cortiço, de Aluísio
Azevedo.
4. U. Caxias do Sul-RS A obra apresenta muitos conflitos. O assassinato de Firmo, por
exemplo, expressa:
a) a degradação social experimentada por Jerônimo.
b) o ciúme provocado por Zulmira em Bertoleza.
c) a impiedade de João Romão.
d) a prepotência do dono do cortiço.
e) o desespero vivido por Piedade.
5. U. Caxias do Sul-RS A exploração sofrida pelos inquilinos do cortiço por parte do proprietário
pode ser justificada:
a) pelo fato de trabalharem na pedreira de João Romão e fazerem compras em sua taverna.
b) pela presença mais significativa de portugueses do que de brasileiros no cortiço.
c) pelos benefícios pessoais oferecidos por João Romão.
d) pela falta de opção de moradias no centro da cidade.
e) pela dificuldade enfrentada por imigrantes em conseguir trabalho no Brasil.
6. U. F. Rio Grande-RS “O resto é saber se a Capitu da praia da Glória já estava dentro da de
Matacavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente.”
O fragmento de Dom Casmurro, de Machado de Assis, deixa entrever:
a) um narrador que não interfere na vida da protagonista, Capitu.
b) o tema da dúvida que permeia todo o romance.
c) as dores de amor que apenas no final encontram solução.
d) a jocosidade e a brincadeira do narrador ao tratar seus personagens.
e) a preocupação com a identidade brasileira peculiar da prosa modernista.
7. UEGO A respeito de Esaú e Jacó, de Machado de Assis, é correto afirmar que:
( ) O núcleo do livro é a história de dois gêmeos, Pedro e Paulo, que já brigavam desde
o ventre da mãe e que seguirão adversários na infância, na juventude e na maturidade.
( ) O título da obra aparece apenas como artifício para introduzir a história e enfatizar
que a rivalidade entre Pedro e Paulo havia se iniciado no ventre da mãe, em conformidade
com a narrativa bíblica.
( ) A curta vida de Flora se passou a querer conciliar os contrários dois gêmeos inimigos
que seu amor confundia — porque um completava o outro e juntos fariam um homem
perfeito.
( ) O romance, por possuir relatos comprometedores com o idealismo romântico, pertence
à 1ª fase do autor.
( ) A narrativa é lenta, através da observação detalhista das personagens.
8. UFMS A respeito do romance Dom Casmurro, é correto afirmar que:
(01) como na obra de Shakespeare — Otelo —, consuma-se o desfecho trágico, motivado
pelo ciúme: Bentinho suicida-se após matar Capitu e Escobar.
(02) há uma crítica explícita ao celibato, e as personagens são pintadas ao modo naturalista —
bons tipos que a sociedade corrompeu ou mal encaminhados por fatalidades deterministas,
como a ascendência duvidosa.
(04) a narrativa é construída na primeira pessoa e tem Bentinho como narrador-personagem.
Nessa condição, ele se propõe a reconstituir seu passado por meio da escrita, a
fim de tentar revivê-lo e, quem sabe, reencontrar sua identidade.
(08) se insere no rol das produções da estética realista, que abarcou o que se produziu na
segunda metade do século XIX, uma época marcada pela crença no progresso propiciado
pela ciência e pela representação do mundo sem idealismo ou sentimentalismo.
(16) há alusões explícitas e implícitas a Otelo, obra do dramaturgo inglês William Shakespeare.
Do ponto de vista temático, Dom Casmurro é comparável à tragédia de Shakespeare,
posto que ambas as obras abordam o afloramento do ciúme obsessivo de um
homem em relação a sua mulher, ainda que haja evidências pouco consistentes quanto
a isso.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
9. UFMS Assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
(01) Em Memórias de um Sargento de Milícias, Leonardo, filho de “uma pisadela e um
beliscão”, sobrevive entre o bem e o mal, a virtude e o pecado, conforme as circunstâncias
exigem, lançando mão do famoso “jeitinho brasileiro”.
(02) No romance Dom Casmurro, o passado surge envolto numa atmosfera de ambigüidade.
Isso confunde não só o leitor como também o próprio narrador, apesar da
aparente razão que Bentinho julga possuir.
(04) Quanto a Sérgio, protagonista de O Ateneu, só lhe resta aproximar-se do passado
como forma de reabilitação moral. Por isso usa a linguagem da destruição, simbolicamente
caracterizada pelo incêndio, devastando valores que seriam os responsáveis
por uma formação moralmente deficitária.
(08) Em Capitães da Areia, revela-se a construção de uma sociedade que só seria viável
por meio do engajamento político dos indivíduos.
(16) Em Caetés, o escritor demonstra que a ação de escrever principia pelo domínio lingüístico;
daí advém colocar o narrador-protagonista, João Valério, como um “aprendiz”
de escritor, iniciando-se nos questionamentos lingüístico-literários.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
10.U. F. Rio Grande-RS
“O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência.
Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a
fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos
das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo.”
Este fragmento extraído de Dom Casmurro, de Machado de Assis, deixa entrever:
a) a recusa do narrador em lembrar-se do passado vivido com sua mãe, com a amiga
vizinha e com José Dias, o agregado.
b) o objetivo do narrador em escrever suas memórias.
c) um tom melancólico, ainda que o romance narre as peripécias burlescas do protagonista,
chamado Leonardo.
d) o tema do romance que é o sentido saudosista do romantismo brasileiro.
e) uma euforia incontida vivenciada pelo protagonista.
11. PUC-RS Em um episódio de Memórias Póstumas de Brás Cubas, o protagonista pergunta
ao “preto que vergalhava outro na praça” (…) se aquele (…) “era escravo dele.” A resposta
afirmativa evidencia a relatividade das posições que o homem assume diante da vida.
Além da visão do ser humano a partir de sua interioridade — pela análise psicológica das
personagens —, as características que seguem também identificam a obra de Machado de
Assis, com exceção:
a) da linearidade da estrutura narrativa. d) da interferência do narrador.
b) da denúncia da hipocrisia. e) da perfeição formal.
c) do tom irônico.
12.UFMS Assinale a(s) proposição(ões) correta(s).
(01) Aristarco, personagem de O Ateneu, é caracterizado pelo narrador como “duas almas
num só corpo”, oscilando entre características positivas e negativas; porém, ainda
prevalecem os traços negativos, uma vez que os positivos são apenas uma máscara.
(02) A ambigüidade de Capitu perdura durante toda a história contada por Bentinho. Ao
final da leitura de Dom Casmurro, nem o leitor, nem o narrador-personagem estão
convencidos da infidelidade de Capitu.
(04) As personagens Capitu e Aristarco, de Dom Casmurro e O Ateneu, respectivamente,
apresentam-se ao leitor assemelhadas por um traço: a ambigüidade.
(08) Ao contrário de Aristarco, Capitu, a esposa infiel de Bentinho, passará por um processo
de transformação que culminará na vitória dos traços positivos de seu caráter.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
INSTRUÇÃO: Para responder à questão 13, analisar as afirmativas que seguem, sobre os
personagens dos romances naturalistas.
I. Tipificam o ambiente social de forma idealizada.
II. Caracterizam-se, geralmente, por um profundo pessimismo.
III. Costumam apresentar traços justificados pela ação do meio.
13. PUC-RS Pela análise das afirmativas, conclui-se que está correta a alternativa:
a) somente I. b) somente II. c) I e II. d) II e III. e) I, II e III.
14. PUC-RS A subjetividade humana é retratada numa dimensão peculiar no período literário
denominado Naturalismo. O amor, por exemplo,
a) constitui um sentimento puro, impossível de ser atingido.
b) está determinado por forças que levam ao sofrimento.
c) leva o ser humano à escravidão.
d) resulta do anseio de prazer ou da necessidade biológica.
e) constitui o verdadeiro espelho da alma.
15.UFMS A respeito do romance O Ateneu, de Raul Pompéia, é correto afirmar que:
(01) o universo do internato caracteriza-se como um espaço de desilusão para os sonhos infantis
de Sérgio, carregado de pessimismo e repleto de adversidades, deixando para trás a “estufa
de carinho” na qual o narrador-personagem vivera até seu ingresso no Colégio Ateneu.
(02) o tempo da narrativa não é o mesmo das vivências da personagem, uma vez que
Sérgio procura recuperar fatos e sensações experimentados no passado e guardados
em sua memória.
(04) o tema da saudade é uma constante nos textos realistas, e também em O Ateneu, posto
que o passado é uma realidade imutável e invariável, sendo sempre fonte de uma
felicidade plena que escapa ao fingimento e à hipocrisia do presente.
(08) o narrador, Sérgio, não participa dos relatos aos quais faz referência.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
16.UFGO O Ateneu, de Raul Pompéia, reúne diversas tendências do romance do final do
século XIX.
A veracidade de tal afirmação pode ser comprovada com os seguintes argumentos:
( ) o romance apresenta traços do Realismo-Naturalismo, considerando-se que há um
estudo do cotidiano do Segundo Império brasileiro e uma atenção ao meio social,
entendido como responsável pelo condicionamento das personagens.
( ) o romance reafirma alguns procedimentos temático-formais da tradição romântica,
como o triângulo amoroso vivido pelo narrador-personagem e o final feliz, que marca
a reconciliação entre o jovem estudante e o diretor do colégio.
( ) o caráter memorialista do romance reforça as teses naturalistas apresentadas ao longo
do relato, pois o tratamento objetivo dado aos fatos privilegia o caráter documental,
em detrimento das recordações de um adulto ressentido com seu passado.
( ) os aspectos autobiográficos presentes na narrativa, uma das características fundamentais
do Realismo, dizem respeito, principalmente, à personagem dr. Cláudio,
médico do colégio e pai autoritário do estudante Sérgio, um adolescente que
demonstra desconhecer o ambiente hostil do internato.
INSTRUÇÃO: Para responder às questões 17 e 18, ler o texto que segue.
“Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei
que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como uma vaga que se
retira da praia, nos dias de ressaca.”
17. PUC-RS A imagem poética central do texto em questão recorre a elemento da natureza
para caracterizar o olhar da protagonista da narrativa. Dessa forma, evidencia-se a capacidade
de ……… da personagem, apresentada ao leitor a partir de uma abordagem ………,
típica da escola ……… .
a) sedução interiorizada realista
b) reflexão enigmática realista
c) sedução estereotipada naturalista
d) observação idealizada romântica
e) argumentação psicológica naturalista
18. PUC-RS O texto em questão demonstra uma vertente da produção literária do final do
século XIX. Ao mesmo tempo, a visão do homem como ser ……… manifesta-se em outra
tendência da época, denominada ………, diretamente marcada pelo desenvolvimento da
ciência positivista, como se pode observar na obra de ……… .
a) racional Realismo Machado de Assis
b) irracional Naturalismo Joaquim Manuel de Macedo
c) sensível Simbolismo Aluísio Azevedo
d) impassível Parnasianismo Raul Pompéia
e) instintivo Naturalismo Aluísio Azevedo
19.U.Católica-GO
Texto I
“Canção de Exílio
Um dia segui viagem
Sem olhar sobre o meu ombro.
Não vi terras de passagens
Não vi glórias nem escombros.
Guardei no fundo da mala
Um raminho de alecrim.
Apaguei a luz da sala.
Que ainda brilhava por mim.
Fechei a porta da rua
A chave joguei ao mar.
Andei tanto nesta rua
Que já não sei mais voltar.”
PAES, José Paulo. Prosas seguidas de odes mínimas. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
Texto II
“Aristarco, sentado, de pé, cruzando terríveis passadas, imobilizando-se a repentes inesperados,
gesticulando como um tribuno de meetings, clamando como um auditório de dez mil pessoas,
majestoso sempre, alçando os padrões admiráveis, como um leiloeiro, e as opulentas faturas,
desenrolou, com a memória de uma última conferência, a narrativa dos seus serviços à causa
santa da instrução. Trinta anos de tentativas e resultados, esclarecendo como um farol diversas
gerações agora influentes no destino do País! E as reformas futuras não bastava a abolição dos
castigos corporais, o que já dava uma benemerência passável. Era preciso a introdução de métodos
novos, supressão absoluta dos vexames de punição, modalidades aperfeiçoadas no sistema
das recompensas, ajeitação dos trabalhos, de maneira que seja a escola um paraíso; adoção de
normas desconhecidas cuja eficácia ele pressentia, perspicaz como as águias. Ele havia de criar…
um horror, a transformação moral da sociedade!
Uma hora trovejou-lhe à boca, em sangüínea eloqüência, o gênio do anúncio. Miramo-lo na
inteira expansão oral, como, por ocasião das festas, na plenitude da sua vivacidade prática. Contemplávamos
(eu com aterrado espanto) distendido em grandeza épica — o homem sanduíche da
educação nacional, lardeado entre dois monstruosos cartazes. Às costas, o seu passado incalculável
de trabalhos; sobre o ventre, para a frente, o seu futuro: a réclame dos imortais projetos.”
POMPÉIA, Raul. O Ateneu. Rio de Janeiro: Ediouro, 1970.
( ) O poema de José Paulo Paes lembra a Canção do Exílio de Gonçalves Dias apenas no
seu título e nos versos de sete sílabas, pois a temática e o enfoque de ambos são
absolutamente divergentes.
( ) É correto afirmar que, enquanto a Canção do Exílio de Gonçalves Dias está centrada
no sentimento saudosista e na declaração de amor à pátria, a Canção de Exílio de José
Paulo Paes apresenta o desejo do eu-lírico de fugir de si mesmo como forma de
vencer a própria angústia.
( ) O autor de O Ateneu faz o jogo da sinceridade e manipula a eloqüência escrita como
arma do instinto. Para satisfazê-lo no mesmo nível da representação literária, a sociedade,
microscópica em O Ateneu, teria de ser destruída. Américo, o incendiário, é
a personificação do instinto bruto capaz de vencer a força repressora de Aristarco.
( ) No decorrer da narrativa de O Ateneu há todo um processo de desmistificação da
figura do diretor, que, de um lado, continua ostentando a face de um deus olímpico e
intocável, e, de outro, revela suas facetas humanas, muitas vezes mesquinhas.
( ) Ema (as mesmas letras da palavra mãe) é a figura mais materialista do romance O
Ateneu. No entanto, a esposa de Aristarco representa, para Sérgio, a materialidade da
figura materna.
( ) Retomando a idéia de que “Aristarco todo era um anúncio”, referente ao caráter autopropagandista
do diretor, o narrador, em O Ateneu, reforça-o com a idéia de “homem-sanduíche”,
ou seja, a desses carregadores de cartazes com anúncios à frente e às costas.
20.U.Católica-GO
( ) A desilusão de Raul Pompéia em relação à sociedade em que vivia é claramente
delineada pelas personagens, quase todas tipificadas de maneira pouco elogiosa. Algumas,
que a princípio parecem sobrenadar ao lugar comum, acabam por cair, verticalmente,
no conceito do autor-personagem.
( ) Pode-se afirmar que há no romance de Pompéia uma denúncia do patriarcalismo que
vicejava ao tempo do Segundo Império. A figura de Aristarco é, a um só tempo, o
protótipo do senhor de engenho, fazendeiro, coronel, latifundiário, produtor de café e
pai, chefe de família, cuja vontade devia reinar absoluta.
( ) A narrativa do romance de Raul Pompéia não se compõe de uma tessitura dramática
determinante de um argumento ou de uma história narrada, passível de reconstituição.
Em razão disso, pode-se dizer que contradiz os processos realistas de abordagem
ou observação.
( ) “E duramente se marcavam distinções políticas, distinções financeiras, distinções
baseadas na crônica escolar do discípulo, baseadas na razão discreta das notas do
guarda-livros”. O advérbio duramente, no passo, serve para estabelecer uma ambigüidade
que se pode interpretar como:
a) dificilmente,
b) de maneira notável, fortemente.
“Confusamente ocorria-me a lembrança do meu papelzinho de namorada faz-de-conta,
e eu levava a seriedade cênica a ponto de galanteá-lo, ocupando-me com o laço da
gravata dele, com a mecha de cabelo que lhe fazia cócegas aos olhos; soprava-lhe ao
ouvido segredos indistintos para vê-lo rir, desesperado de não perceber.”
( ) Uma das denúncias feitas por Raul Pompéia a respeito do Ateneu é sobre o homossexualismo
que marcava o quotidiano do internato. O passo anterior faz referência ao
próprio autor que, em outro momento, teria dito: “Estimei-o femininamente porque
era grande, forte, bravo…” referindo-se a Bento Alves.
( ) Podemos afirmar que O Ateneu é um trabalho de recriação autobiográfica que revela
uma personalidade bastante forte, embora sensível, perfeitamente adaptada e
ajustada ao meio ambiente e aos valores da educação modelar, propiciada por um
internato a um jovem, o narrador, na época do Segundo Império.
21.U. F. Santa Maria-RS Considere a afirmativa:
As personagens podem ser divididas entre os vencedores, como João Romão, e os humildes
que se consomem no trabalho pela própria sobrevivência.
Assinale a alternativa que identifica obra, autor e período relacionados com a afirmativa
anterior.
a) O Ateneu – Raul Pompéia – Naturalismo.
b) Cinco minutos – José de Alencar – Romantismo.
c) O cortiço – Aluísio Azevedo – Naturalismo.
d) Memórias sentimentais de João Miramar – Oswald de Andrade – Modernismo.
e) A moreninha – Joaquim Manuel de Macedo – Romantismo.
22.UFRS Considere o enunciado abaixo e as três possibilidades para completá-lo.
Em A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, através das personagens Zé Fernandes e
Jacinto de Tormes, que vivem uma vida sofisticada na Paris finissecular, percebe-se:
I. uma visão irônica da modernidade e do progresso através de descrições de inventos
reais e fictícios.
II. uma consciência dos conflitos que a vida moderna traz ao indivíduo que vive nas
grandes cidades.
III. uma mudança progressiva quanto ao modo de valorizar a vida junto à natureza e os
benefícios dela decorrentes.
Quais estão corretas?
a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) I, II e III.
23.UFRS Considere as afirmações abaixo sobre a obra de Eça de Queirós.
I. O Crime do Padre Amaro e O Primo Basílio são romances com que o autor pretende
defender uma tese.
II. A ironia é um recurso literário freqüentemente usado pelo autor para exercer a crítica
social.
III. O romance A Cidade e as Serras é típico da fase naturalista do escritor.
Quais estão corretas?
a) Apenas I. d) Apenas II e III.
b) Apenas I e II. e) I, II e III.
c) Apenas I e III.
24. UFSE Considere os seguintes fragmentos:
I. A mocinha elevou o olhar ao céu, não para contemplar as estrelas, mas para sondar os
próprios sentimentos, desgarrados e viajantes. Não logrando reconhecê-los na vastidão
infinita, fechou os olhos e cuidou que ia desfalecer à vibração daquele amor.
II. Num repelão, afastou de si a rapariga, para que a força lúbrica não viesse a matar o amorpróprio
que lhe restara. Mas foi em vão: no minuto seguinte, o ímpeto do macho o assaltou
e o empurrou contra a mulher, em cujos olhos estampava a combustão faminta do
desejo.
III. Na fronte calma e lisa como mármore polido, a luz do ocaso esbatia um róseo e suave
reflexo, di-la-íeis misteriosa lâmpada de alabastro guardando no seio diáfano o fogo
celeste da inspiração.
Em relação a esses fragmentos, é correto afirmar:
a) somente II ilustra o estilo da prosa naturalista.
b) somente I e II ilustram a idealização dos românticos.
c) I e III lembram Machado de Assis; II exemplifica a linguagem de Bernardo Guimarães.
d) I e III lembram Aluísio Azevedo; II exemplifica a linguagem de Machado de Assis.
e) I, II e III ilustram o mesmo estilo de prosa ficcional.
25. PUC-PR Identifique as temáticas abordadas em obras representativas do Realismo brasileiro:
I. O cortiço, de Aluísio de Azevedo.
II. Quincas Borba, de Machado de Assis.
III. Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha.
IV. O Ateneu, de Raul Pompéia.
( ) Romance de formação, narra as dificuldades do garoto Sérgio no internato.
( ) Narrativa em que o capitalista Rubião dilapida seu patrimônio e enlouquece depois
de se ver envolvido com o casal Sofia-Palha.
( ) Narra as dificuldades de um marinheiro forte, levado pela circunstância de seu tempo
e de seu meio a praticar um crime de morte.
( ) Em um dos núcleos de ação do romance, o português Jerônimo apaixona-se pela
brasileira Rita Baiana.
A seqüência correta é:
a) IV, II, III, I.
b) III, II, IV, I.
c) IV, III, I, II.
d) II, IV, III, I.
e) III, IV, I, II.
26. Univali-SC Leia o texto e assinale o item que completa correta e respectivamente as lacunas:
“1998 marca o 90º aniversário da morte de Machado de Assis, escritor representativo do ……
brasileiro, introdutor …… em nossa Literatura. Criou personagens marcantes entre elas ……,
famosa pela polêmica em torno de sua traição. Também é lembrado por ser o fundador …… .”
a) Simbolismo – da sátira – Flora – da Imprensa Nacional
b) Naturalismo – da degradação – Conceição – da Academia Fluminense de Letras
c) Romantismo – do suspense – Marcela – da Academia dos Esquecidos
d) Realismo – da ironia – Capitu – da Academia Brasileira de Letras
e) 1ª fase do Modernismo – da irreverência – Virgília – do Teatro Municipal de São Paulo
INSTRUÇÃO: Para responder à questão 27, analisar as afirmativas que seguem, sobre a
obra de Machado de Assis.
I. Reflete sem “retoques” uma sociedade impiedosa.
II. Rompe com a linearidade narrativa.
III. Introduz um narrador que dialoga com o leitor.
27. PUC-RS Pela análise das afirmativas, conclui-se que está correta a alternativa:
a) somente I d) II e III
b) somente II e) I, II e III
c) I e II
28. Unifor-CE
“O modo pelo qual agora se vê e se expressa a realidade é muito mais radical e unilateral do que
o enfoque simplesmente ‘realista’. Trata-se, na verdade, de um modo de considerar o homem
como produto do meio e das forças do instinto animal, numa visão fatalista e determinista, para a
qual a literatura contribui dando ênfase aos detalhes, sublinhando o lado material da vida, documentando
os limites humanos com o rigor de uma demonstração científica.”
O trecho acima está tratando:
a) da arte parnasiana. d) da prosa naturalista.
b) do regionalismo romântico. e) da última geração romântica.
c) da primeira fase do Modernismo.
29. UFSE
Assinale como VERDADEIRAS as frases que fazem uma afirmação correta e como FALSAS
aquelas em que isso não ocorre.
( ) O subtítulo “crônica de saudades” dado por Raul Pompéia ao seu romance O Ateneu
acentua a interferência da memória e seus processos subjetivos na maneira realista de
observar a vida.
( ) O conto realista identifica-se pela estrutura rigorosa de começo, meio e fim; e pelo
epílogo próximo da realidade concreta e histórica.
( ) Condoreirismo é o nome dado a uma corrente da poesia romântica, de cunho social, em
favor dos novos ideais políticos, de liberdade do espírito e da palavra, e os da abolição da
escravatura, em que se encontram os poemas de Castro Alves e Tobias Barreto.
( ) O Ateneu — em que o narrador, já adulto, relembra sua vida no colégio interno — e
Memórias Póstumas de Brás Cubas — em que o narrador, já defunto, retoma sua
história de vida — são dois romances bastante semelhantes, especialmente quanto à
maneira de mostrar a realidade.
( ) A época marcada pela corrente estética do Realismo/Naturalismo assinala, no Brasil,
além da dinamização e consolidação da vida nacional, a aceitação da cultura em
geral, e do escritor, como elemento integrante da vida social.
30. UFSE
No século XIX, verificou-se uma passagem da prosa idealizante, por vezes amena e ingênua,
para uma prosa que visa à caracterização objetiva tanto do mundo social quanto das
personagens que nele se movem. Pode-se acompanhar essa passagem confrontando-se, na
seqüência dada, os seguintes romances:
a) A Moreninha e Dom Casmurro.
b) O Ateneu e Triste Fim de Policarpo Quaresma.
c) O Guarani e Triste Fim de Policarpo Quaresma.
d) A Moreninha e Noite na Taverna.
e) O Ateneu e Dom Casmurro.
31.UFMA
Eça de Queirós, em O primo Basílio, sustenta como uma de suas teses a
crítica ao movimento romântico, como na descrição de um dos personagens,
o literato Ernesto Ledesma:
“(...) Pequenino, linfático, os seus membros franzinos, ainda quase
tenros, davam-lhe um aspecto débil de colegial; o buço, delgado, empastado
em cera-mostache arrebitava-se aos cantos em pontas afiadas
como agulhas; e na cara chupada, os olhos repolhudos amorteciam-se
com um quebrado langoroso.”
Nessa descrição, a crítica ao Romantismo evidencia-se quando do emprego de:
a) atributos que elevam a condição moral de Ernesto Ledesma, como “membros quase
tenros”, “buço delgado” e “aspecto de colegial”.
b) adjetivos depreciativos como “linfático”, “pequenino” e “débil”, além da imagem conotativa
representada pelo “buço que se arrebitava aos cantos em pontas afiadas como
agulhas”.
c) verbos no pretérito imperfeito, como “davam-lhe”, “arrebitava-se” e “amorteciam-se”,
sugerindo a continuidade da ação que começou no passado.
d) elipses verbais, com o intuito de tornar o texto mais enxuto e preciso, satisfazendo,
assim, uma das características do Realismo: a objetividade.
e) metáforas e comparações inusitadas, como “olhos repolhudos” e “pontas afiadas como
agulhas”, na tentativa de enaltecer o caráter do personagem-escritor.
32.UFPB
No romance Dom Casmurro, ao lembrar o dia da revelação do amor de Capitu, o narrador
escreve:
“Confissão de crianças, tu valias bem duas ou três páginas, mas quero ser poupado. Em verdade,
não falamos nada; o muro falou por nós. Não nos movemos, as mãos é que se estenderam
pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se. Não marquei a hora exata
daquele gesto. Devia tê-la marcado; sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite, e que
eu poria aqui com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum, tal era a diferença
entre o estudante e o adolescente. Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar;
tinha ‘orgias de latim’ e era virgem de mulheres.”
Nesse trecho do romance verifica-se que:
a) a narrativa é construída a partir dos registros escritos do narrador.
b) a passagem nega o comportamento ingênuo de Bentinho.
c) a frase “sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite” supõe que o narrador,
agora velho, não confia inteiramente naquilo que narra.
d) o registro de detalhes é sinal inequívoco do desprezo do narrador pela personagem Capitu.
e) a passagem aponta para o desnível intelectual existente entre Bentinho e Capitu.
33. Uneb-BA
“Rita, essa noite, recolhera-se aflita e assustada. Deixara de ir ter com o amante e mais tarde
admirava-se como fizera semelhante imprudência; como tivera coragem de pôr em prática justamente
no momento mais perigoso, uma coisa que ela, até aí, não se sentira com ânimo de praticar.
No íntimo respeitava o capoeira; tinha-lhe medo. Amara-o a princípio por afinidade de temperamento,
pela irresistível conexão do instinto luxurioso e canalha que predominava em ambos,
depois continuou a estar com ele por hábito, por uma espécie de vício que amaldiçoamos sem
poder largá-lo; mas desde que Jerônimo propendeu para ela, fascinando-a com a sua tranqüila
seriedade de animal bom e forte, o sangue da mestiça reclamou os seus direitos de apuração, e
Rita preferiu no europeu o macho da raça superior. O cavouqueiro, pelo seu lado, cedendo às
imposições mesológicas, enfarava a esposa, sua congênere, e queria a mulata, porque a mulata
era o prazer, era a volúpia, era o fruto dourado e acre destes sertões americanos, onde a alma de
Jerônimo aprendeu lascívias de macaco e onde seu corpo porejou o cheiro sensual dos bodes.”
AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. São Paulo: FTD, 1993. p. 169. (Coleção Grandes Leituras).
Considerando-se o fragmento transcrito no contexto de O Cortiço, de Aluísio de Azevedo,
pode-se afirmar:
a) Jerônimo representa, para Rita, a possibilidade de ascensão social.
b) Os personagens do texto são enfatizados em seus traços psicológicos.
c) O relacionamento de Rita Baiana com Firmo fundamenta-se no respeito mútuo.
d) Rita e Jerônimo são personagens que sofrem os efeitos do determinismo socioeconômico.
e) O narrador, ao justificar a atração de Rita por Jerônimo, evidencia uma visão preconceituosa.
Texto para as questões 34 e 35:
“Amanhecera um domingo alegre no cortiço, um bom dia de abril. Muita luz e pouco calor.
As tinas estavam abandonadas; os coradouros despidos. Tabuleiros e tabuleiros de roupa engomada
saíam das casinhas, carregados na maior parte pelos filhos das próprias lavadeiras. (...)
Mulheres ensaboavam os filhos pequenos debaixo da bica, muito zangadas, a darem-lhes murros,
a praguejar, e as crianças berravam, de olhos fechados, esperneando. (...)
Os papagaios pareciam também mais alegres com o domingo e lançavam das gaiolas frases
inteiras, entre gargalhadas e assobios. (...)
Dentro da taverna, os martelos de vinho branco, os copos de cerveja nacional e os dois vinténs
de parati ou laranjinha sucediam-se por cima do balcão, passando das mãos do Domingos e do
Manuel para as mãos ávidas dos operários e dos trabalhadores, que os recebiam com estrondosas
exclamações de pândega. A Isaura, que fora num pulo tomar o seu primeiro capilé, via-se tonta
com os apalpões que lhe davam.”
AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. São Paulo: Klick, 1997. p. 48-9. (Coleção Ler é Aprender)
34. F. Católica de Salvador-BA É uma característica naturalista evidenciada no texto:
a) Prevalência dos meios sobre os fins.
b) Denúncia das desigualdades sociais.
c) Preferência por grupos sociais marginalizados.
d) Ênfase na satisfação de necessidades instintivas.
e) Similaridade entre o comportamento humano e o instinto animal.
35. PUC-RS A expressão ficcional machadiana pode ser dividida em duas fases. Na segunda
delas, ……… e ……… constituem o eixo temático que conduz obras como ……… .
a) ironia pessimismo Memórias Póstumas de Brás Cubas
b) traição idealização Dom Casmurro
c) desconfiança traição Helena
d) pessimismo desconfiança Ressurreição
e) idealização ironia Esaú e Jacó
INSTRUÇÃO: Para responder às questões de 36 a 38, ler o texto que segue.
“E aquilo se foi constituindo numa grande lavanderia, agitada e barulhenta, com as suas cercas
de varas, as suas hortaliças verdejantes e os seus jardinzinhos de três e quatro palmos, que apareciam
como manchas alegres por entre a negrura das limosas tinas transbordantes e o revérbero
das claras barracas de algodão cru, armadas sobre lustrosos bancos de lavar. E os gotejantes jiraus,
cobertos de roupa molhada, cintilavam ao sol, que nem lagos de metal branco.
E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar,
a esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar
espontânea, ali mesmo, daquele lameiro, e multiplicar-se como larvas no esterco.”
36. PUC-RS A expressão sublinhada no texto exemplifica uma característica do romance
………, que é ……… .
a) realista o descritivismo exaustivo
b) naturalista o determinismo do meio ambiente
c) pré-modernista a crítica social desvelada
d) naturalista a patologia das personagens
e) realista o determinismo da hereditariedade
INSTRUÇÃO: Para responder à questão 37, analisar as afirmativas que seguem, sobre o texto.
I. Mostra a formação de aglomerados humanos em um centro urbano.
II. Retrata a vida de seres que habitam ambientes degradados.
III. Compara a vida humana à vida animal.
IV. Expressa uma visão saudosista em relação à vida.
37. PUC-RS Pela análise das afirmativas, conclui-se que está correta a alternativa:
a) I. b) II. c) II e III. d) III e IV. e) I, II e III.
38. PUC-RS No texto:
a) o individual prevalece sobre o coletivo.
b) o tempo não se apresenta em uma seqüência linear.
c) a visão do mundo aparece influenciada pelo determinismo biológico.
d) a análise do comportamento humano marca a condução da narrativa.
e) a descrição do mundo objetivo predomina sobre os elementos narrativos.
39. Emescam-ES O Realismo e o Naturalismo, estilos de época contemporâneos na literatura
brasileira, têm características que os aproximam e características que os distinguem. Das
opções abaixo, há uma que não é verdadeira. Isso ocorre em:
a) Enquanto o Realismo tende para uma visão biológica do homem, o Naturalismo tem
uma acentuada tendência e preferência por temas da patologia social.
b) O Naturalismo considera o homem uma máquina guiada pela ação das leis químicas e
físicas e pela hereditariedade.
c) Os personagens, tanto das obras realistas, quanto das obras naturalistas, são tipos concretos,
vivos, frutos da observação.
d) Os autores realistas e naturalistas privilegiam em suas obras a descrição, em vez da
narração.
e) Os autores realistas e naturalistas preferem retratar, em suas obras, a vida contemporânea,
a sua época, a retratar o passado.
Texto para a questão 40:
“Bertoleza, que havia já feito subir o jantar dos caixeiros, estava de cócoras no chão, escamando
peixe, para a ceia do seu homem, quando viu parar defronte dela aquele grupo sinistro.
Reconheceu logo o filho mais velho do seu primitivo senhor, e um calafrio percorreu-lhe o
corpo. Num relance de grande perigo compreendeu a situação: adivinhou tudo com a lucidez de
quem se vê perdido para sempre. Adivinhou que tinha sido enganada; que a sua carta de alforria
era uma mentira, e que o seu amante, não tendo coragem para matá-la, restituía-a ao cativeiro.
Seu primeiro impulso foi de fugir. Mal, porém, circunvagou os olhos em torno de si, procurando
escapulir, o senhor adiantou-se dela e segurou-lhe o ombro.
— É esta! Disse aos soldados que, com um gesto, intimaram a desgraçada a segui-los. —
Prendam-na! É escrava minha!
A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão
e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar.
Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então,
erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto, e antes que alguém conseguisse
alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado.
E depois emborcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de sangue.
João Romão fugira até o canto mais escuro do armazém, tapando o rosto com as mãos.
Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de abolicionistas que
vinha, de casaca, trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio benemérito.
Ele mandou que os conduzissem para a sala de visitas.”
AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. Cap. XXXIII, p. 164-5. Rio de janeiro: Ediouro, s.d.
40. PUC-RJ O texto corresponde à cena em que a escrava fugida Bertoleza comete suicídio,
quando se depara com os policiais que vêm capturá-la, após denúncia de seu paradeiro
feita por João Romão, o amante. Leia-o atentamente e responda às questões propostas em
“a” e “b”.
a) Explique uma característica do realismo-naturalismo expressa no trecho que compreende
os 6º e 7º parágrafos (“Os policiais... de sangue”).
b) Transcreva a passagem em que o leitor deduz a ironia dos acontecimentos, provocada
pelo contraditório comportamento de João Romão.
41.U. F. Viçosa-MG Leia atentamente a proposição:
“O Romantismo era a apoteose do sentimento; o Realismo é a anatomia do caráter. É a
crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos — para nos conhecermos,
para que saibamos se somos verdadeiros ou falsos, para condenar o que houver de mau na
nossa sociedade.”
QUEIRÓS, Eça de. In: PROENÇA FILHO, Domício. Estilos de época na literatura. São Paulo: Liceu, 1969. p. 207.
O texto de Eça de Queirós reúne alguns princípios básicos do Realismo. Dentre as alternativas
abaixo, assinale aquela que não está em conformidade com as definições do romancista
português:
a) O Realismo foi marcado por um forte espírito crítico e assumiu uma atitude mais combativa
diante dos problemas sociais contemporâneos.
b) As preocupações psicológicas da prosa de ficção realista levaram o romancista a uma conscientização
do próprio “eu” e manifestação de sua mais profunda interioridade.
c) O autor realista retratou com fidelidade a psicologia do personagem, demonstrando um
interesse maior pelas fraquezas humanas e pelos dramas existenciais.
d) Em oposição à idealização romântica, o escritor realista procurou descobrir a verdade
de seus personagens, dissecando-lhes o comportamento.
e) O sentido de observação e análise vigente no Realismo exigiu do escritor uma postura
racional e crítica diante das contradições do homem enquanto ser social.
42.U. Uberaba-MG
“(...) A negra, imóvel cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmadas no
chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar.
Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então,
erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto, e antes que alguém conseguisse
alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado.
E depois emborcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de
sangue.”
AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço.
O trecho exemplifica a seguinte característica da escola literária a que pertence:
a) A personagem Bertoleza é uma heroína individual e, assim como outras no romance,
não pode ser substituída pela coletividade.
b) Os seres humanos, assim como a escrava Bertoleza, supostamente alforriada, são comparados
aos animais irracionais.
c) A personagem apresentada no trecho é coisificada, já que a obra trata de realismo psicológico.
d) Mulatos e imigrantes portugueses testemunham as condições de vida da população do
Rio, por isso a obra se torna panfletária e propagandista.
43.U. F. Viçosa-MG Dentre as alternativas abaixo, apenas uma não contém informações
totalmente verdadeiras sobre Memórias Póstumas de Brás Cubas. Assinale-a:
a) O personagem Brás Cubas diz o que pensa dos outros e de si mesmo com uma sinceridade
que só a maturidade póstuma lhe pôde propiciar.
b) Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, as relações sociais cedem lugar à inquirição
sobre a alma humana, que, por sua vez, tornou-se objeto de atenção do escritor realista.
c) Memórias Póstumas de Brás Cubas é uma obra típica do Realismo, na medida em que
subverte as técnicas narrativas românticas e ironiza os valores burgueses.
d) O defunto autor desordena a cronologia dos fatos reconstituídos em sua memória através
de idas e vindas em um tempo não linear.
e) A narrativa machadiana insere-se na estética realista por denunciar as mazelas sociais
brasileiras e por criticar a civilização industrial emergente.
44. UFR-RJ O tema do ciúme foi abordado por Machado de Assis em Dom Casmurro:
“Capítulo CXXXV
OTELO
Jantei fora. De noite fui ao teatro. Representava-se justamente Otelo, que eu não vira nem lera
nunca; sabia apenas o assunto, e estimei a coincidência. (...) O último ato mostrou-me que não
eu, mas Capitu devia morrer. Ouvi as súplicas de Desdêmona, as suas palavras amorosas e puras,
e a fúria do mouro, e a morte que este lhe deu entre aplausos frenéticos do público.
— E era inocente, vinha eu dizendo rua abaixo; — que faria o público, se ela deveras fosse
culpada, tão culpada como Capitu? (...)”
ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1982.
No fragmento acima, observa-se uma característica recorrente nos romances machadianos,
que é a:
a) crítica aos excessos sentimentais do personagem.
b) ausência de monólogos interiores.
c) preocupação com questões político-sociais.
d) abordagem de tema circunscrito à época realista.
e) análise do comportamento humano.
45.U. Uberaba-MG Atente para a seguinte passagem do conto Conto de Escola, de Machado
de Assis:
“Na rua encontrei uma companhia do batalhão de fuzileiros, tambor à frente, rufando. Não
podia ouvir isto quieto. Os soldados vinham batendo o pé rápido, igual, direita, esquerda, ao som
do rufo; vinham, passaram por mim, e foram andando. Eu senti uma comichão nos pés, e tive
ímpeto de ir atrás deles. Já lhes disse: o dia estava lindo, e depois o tambor... Olhei para um e
outro lado; afinal, não sei como foi, entrei a marchar também ao som do rufo, creio que cantarolando
alguma cousa: Rato na casaca... Não fui à escola, acompanhei os fuzileiros, depois enfiei
pela Saúde, e acabei a manhã na praia de Gamboa. Voltei para casa com as calças enxovalhadas,
sem pratinha no bolso nem ressentimento na alma. E contudo a pratinha era bonita e foram eles,
Raimundo e Curvelo, que me deram o primeiro conhecimento, um da corrupção, outro da delação;
mas o diabo do tambor...”
Para Gostar de Ler. vol. 9. Contos, Ática.
Evidencia-se, nesta passagem, um procedimento típico da expressão deste autor, identificado
pela:
a) fantasia. Machado não é um realista comum. Apesar de original e independente, procura
seguir de modo servil as propostas do movimento literário a que pertence. Raimundo
é, no conto, um personagem fascinado pelo tambor.
b) ironia. Machado faz sua personagem, após aprender dentro da sala de aula, lições de
corrupção de delação, reconhecer o valor do tambor e, portanto, voltar para casa com as
calças enxovalhadas, sem pratinha no bolso nem ressentimento na alma.
c) embriaguez da alma. Machado constrói os personagens, reunindo seus pequenos gestos,
seus mínimos pensamentos, suas contradições, revelando ao leitor, por esse processo
detalhado, a segurança de quem sabe o que está fazendo.
d) metalinguagem. Machado escreve sobre a problemática da esperança e aborda um
personagem objetivo e racional. Em vez de valorizar a ação interior, desenvolve, como
todo escritor realista, uma maior preocupação com a ação exterior.
INSTRUÇÃO: A questão de número 46 refere-se ao texto abaixo. Leia-o e assinale a alternativa
correta.
“Os companheiros de classe eram cerca de vinte; uma variedade de tipos que me divertia. O
Gualtério, miúdo, redondo de costas, cabelos revoltos, motilidade brusca e caretas de símio –
palhaço dos outros, como dizia o professor; o Nascimento, o bicanca, alongado por um modelo
geral de pelicano, nariz esbelto, curto e largo como uma foice; o Álvares, moreno, cenho carregado,
cabeleira espessa e intonsa, de vate de taverna...”
POMPÉIA, Raul. O Ateneu. São Paulo: Moderna, 1994. p. 32.
46.U. Caxias do Sul-RS No fragmento acima, o uso da descrição através de símiles exagerados,
com traços caricaturais, remete à corrente estética:
a) impressionista.
b) naturalista.
c) expressionista.
d) realista.
e) simbolista.
47.UFRS Tendo em vista as estéticas literárias brasileiras, podemos afirmar que o Realismo
Brasileiro:
a) foi marcado por uma intensa preocupação com o aspecto histórico da nação.
b) determinou o surgimento de uma nova escrita literária cuja ênfase recaiu nas relações
amorosas de finais felizes.
c) ao se confundir com o Naturalismo, pretendeu uma objetividade maior com vistas a
retratar a realidade.
d) foi o grande responsável pela afirmação de uma literatura de caráter sugestivo e ambíguo.
e) veiculou uma visão idealizada da aristocracia brasileira do tempo do Império.
48. Fempar Os trechos abaixo foram extraídos de Uma Lágrima de Mulher e O Mulato, primeiros
romances de Aluísio Azevedo, publicados em 1879 e 1881, respectivamente. Assinale a
alternativa em cujo texto não predominam traços da escola literária que mais marcou o
autor:
a) “Todo o ser se lhe revolucionou; o sangue gritava-lhe, reclamando o pão do amor; seu
organismo inteiro protestava irritado contra a ociosidade. E ela então sentiu bem nítida
a responsabilidade dos seus deveres de mulher perante a natureza, compreendeu o seu
destino de ternura e de sacrifícios, percebeu que viera ao mundo para ser mãe; concluiu
que a própria vida lhe impunha, como lei indefectível, a missão sagrada de procriar
muitos filhos”. (O Mulato)
b) “A atmosfera de um baile daquela ordem, no seu apogeu, afeta singularmente a economia
animal dos moços. O coração como que se derrete ao calor dos galanteios, dos
perfumes, das luzes, dos vinhos, dos vapores estimulantes que exalam os corpos cansados
das mulheres, e derrama-se por todo o corpo como um filtro diabólico e sensual,
que percorre e excita os tecidos orgânicos, precipitando as suas competentes funções”.
(Uma Lágrima de Mulher)
c) “Com estes devaneios, acudia-lhe sempre um arrepiozinho de febre; ficava excitada,
idealizando um homem forte, corajoso, com um bonito talento, e capaz de matar-se por
ela. E, nos seus sonhos agitados, debuxava-se um vulto confuso, mas encantador, que
galgava precipícios, para chegar onde ela estava e merecer-lhe a ventura de um sorriso,
uma doce esperança de casamento. E sonhava o noivado: um banquete esplêndido! E
junto dela, ao alcance de seus lábios, um mancebo apaixonado e formoso, um conjunto de
força, graça e ternura, que a seus pés ardia de impaciência e devorava-a com o olhar em
fogo.”(O Mulato)
d) “Ia uma dessas noites quentes de verão, em que a natureza parece adormecida aos
beijos ardentes do sol; em que as águas dos lagos são mornas como a brisa, que acaricia
os píncaros abrasados das montanhas, e a lua se ergue vermelha, como uma chaga viva
(...) Uma dessas formosas noites napolitanas, em que tudo se converte em volúpia e
cansaço (...) Abraçam-se nos montes os pinheiros e os ciprestes nos cemitérios;
entrelaçam-se as flores no campo; amam-se feras nos covis; nos ares os passarinhos e
os répteis no charco.”(Uma Lágrima de Mulher)
e) “No seu desterro tinha por companhia única uma preta velha, que se encarregara de
servi-lo; magra, feia, supersticiosa, arrastando-se, a coxear, pela varanda e pelos quartos
desertos, fumando um cachimbo insuportável, e sempre a falar sozinha, a mastigar
monólogos intermináveis (...) Não podia entrar com a cozinha da preta – era uma coisa
muito mal amanhada – tinha nojo de beber pelos copos mal lavados; banhava com
repugnância o rosto na bacia barrada de gordura.” (O Mulato)
49. Univali-SC As descrições a seguir pertencem a diferentes períodos literários:
I. “Conceição entrou na sala, arrastando as chinelinhas da alcova. Vestia um roupão
branco, mal apanhado na cintura. Sendo magra, tinha um ar de visão romântica, não
disparatada com o meu livro de aventuras. [...] Os olhos dela não eram bem negros,
mas escuros; o nariz, seco e longo, um tantinho curvo, dava-lhe ao rosto um ar interrogativo.”
II. “Os grandes olhos azuis, meio cerrados, às vezes se abriam languidamente, como
para se embeberem de luz, e abaixavam de novo as pálpebras rosadas. Os lábios
vermelhos pareciam uma flor de gardênia dos nossos campos, orvalhada pelo sereno
da noite; o hálito doce e ligeiro exalava-se, formando um sorriso.”
III. “Ela saltou no meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e bamboleando
a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, com uma sofreguidão de gozo
carnal num requebro luxurioso, que a punha ofegante; já correndo de barriga empinada;
já recuando de braços estendidos, a tremer toda...”
Identifique os períodos literários em que os textos lidos se enquadram e, a seguir, assinale
a opção correta quanto à respectiva classificação:
a) Realismo – Barroco – Modernismo. d) Simbolismo – Realismo – Barroco.
b) Naturalismo – Realismo – Simbolismo. e) Realismo – Romantismo – Naturalismo.
c) Modernismo – Romantismo – Naturalismo.
50. Univali-SC
“O CORTIÇO
Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de
machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que
escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as
saias entre as coxas para não as molhar; via-se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que
elas despiam suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam
em não molhar o pêlo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam
com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão. As portas das
latrinas não descansavam, era um abrir e fechar de cada instante, um entrar e sair sem tréguas.
Não se demoravam lá dentro e vinham ainda amarrando as calças ou as saias; as crianças não se
davam ao trabalho de lá ir, despachavam-se ali mesmo, no capinzal dos fundos, por detrás da
estalagem ou no recanto das hortas.”
Aluísio Azevedo.
São características do Naturalismo presentes no texto acima:
a) objetividade; cientificismo; impressionismo.
b) preferência por temas de patologia social; objetivismo científico; determinismo.
c) descrição da realidade; ênfase no momento presente; abuso de figuras de linguagem.
d) observação da realidade; linguagem simples; subjetivismo.
e) aspectos patológicos da realidade; conflitos individuais; descrição detalhada do ambiente.
51.UFSC Marque a(s) proposição(ões) VERDADEIRA(S).
01) A literatura realista caracteriza-se por descrever a realidade objetiva e minuciosamente,
de modo impessoal. Aluísio Azevedo, autor de O Cortiço, é um dos representantes
dessa escola em sua vertente naturalista.
02) Nos versos:
“(Que vens tu fazer, Alferes,
com tuas loucas doutrinas?
Todos querem liberdade,
Mas quem por ela trabalha?)
Ah! se eu me apanhasse em Minas...”
do livro Romanceiro da Inconfidência, Cecília Meireles expressa, em linguagem poética,
o sentimento de desamparo de Tiradentes, mártir da inconfidência mineira.
04) Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, o defunto-autor, descompromissado
com o mundo dos vivos, conta sua própria história, numa fria autoanálise
de sua vida.
08) Moacir Scliar, em Bandoleiros, permeia toda a narrativa com a figura singular
do judeu, amigo de infância que lhe povoa a memória, e mesmo de longe dá
sentido à sua vida: Tinha de ver o Noel. Precisava reencontrar o meu passado
enquanto ainda tinha algum significado, enquanto fazia algum sentido.
16) Nos versos:
Nas formas voluptuosas o Soneto
Tem fascinante, cálida fragrância
E as leves, langues curvas de elegância
De extravagante e mórbido esqueleto., Cruz e Sousa apresenta o Soneto como “entidade
concreta, dotada de aparência física”.
52. UFRS Leia as afirmações abaixo.
“O realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta aos
nossos olhos para condenar o que há de mau na sociedade.” (Eça de Queiroz)
“... porque a nova poética (...) só chegará à perfeição no dia em que nos disser o número
exato dos fios que compõem um lenço de cambraia ou um esfregão de cozinha.” (Machado
de Assis)
Assinale a alternativa incorreta em relação às afirmações de Eça de Queirós e de Machado
de Assis.
a) Machado de Assis expressa uma visão irônica quanto aos propósitos do realismo
assumidos por Eça de Queirós.
b) Há em Machado de Assis uma identificação com as idéias do autor português sobre o
poder da arte realista.
c) Ao questionar a perfeição da “nova poética”, Machado de Assis põe em dúvida o ideal
queirosiano de realizar uma anatomia do caráter.
d) Eça de Queirós deixa entrever um grande entusiasmo pelo papel a ser desempenhado
pela arte realista.
e) A visão do escritor brasileiro deixa clara sua convicção quanto à impossibilidade de se
representar totalmente a realidade.
53. Unifor-CE Atente para as seguintes afirmações sobre a literatura brasileira produzida no
século XIX:
I. A diferença essencial entre um romance romântico e um romance realista está no fato de
que apenas no segundo as ações das personagens se desenvolvem no espaço urbano.
II. Os poetas românticos Álvares de Azevedo e Castro Alves distinguem-se quanto ao
tom e aos temas, sobretudo se comparamos a Lira dos vinte anos com Os escravos.
III. Embora tenham sido contemporâneos, Machado de Assis e Aluísio Azevedo guardam
profundas diferenças entre si: uma delas está no fato de que o autor de Dom Casmurro
não defendia as teses deterministas que se encontram no autor de Casa de pensão.
Está correto o que se afirma em:
a) II, somente.
b) I e II, somente.
c) I e III, somente
d) II e III, somente.
e) I, II e III.
54. Unifor-CE Considere os seguintes fragmentos:
I. José Dias amava os superlativos. Era um modo de dar feição monumental às idéias;
não as havendo, servia a prolongar as frases.
II. Quando lhe acontecia o que ficou contado, era costume de Aires sair cedo, a espairecer.
III. O fundador da minha família foi um certo Damião Cubas, que floresceu na primeira
metade do século XVIII.
Elementos constantes desses fragmetnos remetem a:
a) romances de Machado de Assis.
b) contos de Machado de Assis.
c) romances de José de Alencar.
d) contos de Monteiro Lobato.
e) romances de Monteiro Lobato.
Textos para a questão 55:
I
“— Algum tempo hesitei se deveria abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria
em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Eu não sou propriamente um autor defunto,
mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; (…) Moisés, que também contou a sua
morte, não a pôs no intróito, mas no cabo; diferença radical entre este livro e o Pentateuco.”
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas.
II
“— és filho de uma pisadela e de um beliscão; mereces que um pontapé te acabe a casta. (…)
O menino suportou tudo com coragem de mártir, apenas abriu ligeiramente a boca quando foi
levantado pelas orelhas: mal caiu, ergueu-se, embarafustou pela porta fora, e em três pulos estava
dentro da loja do padrinho, e atracando-se-lhe às pernas.”
ALMEIDA, Manuel A. de. Memórias de um Sargento de Milícias.
55.UFPE Após a leitura atenta dos textos I e II, assinale a alternativa correta.
a) Apesar de ambos os romances intitularem-se ‘memórias’, o primeiro não é contado em
1ª pessoa e relata a vida do protagonista depois que se torna sargento de milícias; já o
texto de Machado traz um “defunto autor”.
b) Manuel de Almeida aproxima-se da linguagem coloquial falada no Brasil de seu tempo,
enquanto Machado de Assis, não.
c) O texto de Manuel de Almeida, considerado precursor do Realismo em nossas letras, e
o de Machado traduzem o cientificismo dominante na época.
d) No texto II, o autor descreve a forma de tratar as crianças na nobreza no Rio de Janeiro
de D. João VI.
e) É característica notória da obra de Machado a ironia, traço que não é apresentado no texto I.
56. Unifor-CE “O seu tempo era também o tempo da educação do leitor brasileiro, da qual
este autor participa de forma tão decisiva com …… . Romancistas e poetas brasileiros
que, como …… , viveram o apogeu …… , sentiram e expressaram mudanças muito significativas
no modo de fazer cultura.”
Preenchem corretamente as lacunas do período acima, na ordem dada, os seguintes elementos:
a) Quincas Borba – Machado de Assis – da luta pela independência.
b) Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis – do reinado de D. Pedro II.
c) O Ateneu – Raul Pompéia – do reinado de D. Pedro I.
d) O Cortiço – Aluísio Azevedo – da consolidação da monarquia.
e) Casa de Pensão – Aluísio Azevedo – do reinado de D. Pedro I.
57. UFSE
( ) No romance D. Casmurro, com as frases “o fim evidente de atar as duas pontas da
vida” e “recompor o que foi”, Machado de Assis mostra, muito além dos fatos em si,
as intenções e ressonâncias que os envolvem e que surgem das descrições das personagens
e comentários, aparentemente insignificantes, ao longo da narrativa.
( ) Senhora, apesar de ser um romance que se enquadra na época romântica, desvia-se
deste ideário estético, ao mostrar o dinheiro como elemento que conspurca o amor, o
qual, portanto, não se realiza.
( ) É correto afirmar-se que Amâncio, do romance Casa de pensão, foi um dos tipos
mais marcantes criados por Aluísio Azevedo — uma personagem forte que sobressai
no romance, no meio de uma galeria de outros tipos.
( ) Em D. Casmurroobserva-se, em síntese, uma visão otimista da sociedade, na figura
de José Dias, o agregado, que é o exemplo dos hábitos e padrões familiares do Rio de
Janeiro nos meados do século XIX.
( ) Um cientificismo de sabor popular tangencia a narrativa de Casa de pensão, em que
os episódios da infância, mesmo os aparentemente insignificantes — e mais tarde o
meio — modelam o caráter das personagens e decretam a direção que eles devem
tomar.
58.UFBA
“Quando Pádua, vindo pelo interior, entrou na sala de visitas, Capitu, em pé, de costas para
mim, inclinada sobre a costura, como a recolhê-la, perguntava em voz alta:
— Mas, Bentinho, que é protonotário apostólico?
— Ora, vivam! exclamou o pai.
— Que susto, meu Deus!
Agora é que o lance é o mesmo; mas se conto aqui, tais quais, os dois lances de há quarenta
anos, é para mostrar que Capitu não se dominava só em presença da mãe, o pai não lhe meteu
mais medo. No meio de uma situação que me atava a língua, usava da palavra com a maior
ingenuidade deste mundo. A minha persuasão é que o coração não lhe batia mais nem menos.
Alegou susto, e deu à cara um ar meio enfiado; mas eu, que sabia tudo, vi que era mentira e fiquei
com inveja. Foi logo falar ao pai, que apertou a minha mão, e quis saber por que a filha falava em
protonotário apostólico. Capitu repetiu-lhe o que ouvira de mim, e opinou logo que o pai devia ir
cumprimentar o padre em casa dele; ela iria à minha. E coligindo os petrechos da costura, enfiou
pelo corredor, bradando infantilmente:
— Mamãe, jantar, papai chegou!”
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Ática, 1999. p. 64.
A leitura do fragmento e de todo o romance permite afirmar:
(01) Bentinho simboliza o indivíduo resistente às influências advindas das pessoas e das
circunstâncias que o rodeiam.
(02) As ações de Capitu retratam-na como uma personalidade que se impõe e que faz dela
própria a autora do seu destino.
(04) O recurso freqüente à fala direta das personagens dá-se em função de o autor imprimir
naturalidade na divulgação do ideário religioso que pretende difundir.
(08) Os flagrantes em que os dois protagonistas são surpreendidos põem em realce a dissimulação
de Capitu, um dado importante em favor da idéia de traição alimentada
por Bentinho.
(16) O relato de experiências frustrantes constitui estratégia do eu-narrador para justificar
o conflito existencial que o marca.
(32) A possibilidade de ascensão na carreira sacerdotal, sinônimo de projeção social e de
vantagem econômica, faz crescer na mãe de Bentinho a vontade de enviá-lo ao seminário.
(64) A ambigüidade da personagem feminina funciona como motivo para que conflitos e
desajustes se instalem no espaço que deveria ser de harmonia e de realização pessoal.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
59.UFRN O romance D. Casmurro pode ser esquematizado da seguinte forma:
1ª parte 2ª parte
O amor adolescente entre Bentinho e Capitu O casamento de Bentinho e Capitu
Com base nesse esquema, é correto afirmar:
a) Na primeira parte do romance, Bentinho acredita que a dissimulação de Capitu está
relacionada à classe social da moça.
b) Na segunda parte do romance, os diversos capítulos de curta extensão atestam o ciúme
de Bentinho.
c) Nas duas partes do romance, os fatos narrados provocam em Bentinho sentimentos
prazerosos e amargurados.
d) Nas duas partes do romance, as fantasias de Bentinho aceleram as ações, encobrindo,
propositalmente, os ciúmes em relação a Capitu.
60.UFPB “…Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos.
Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou que o caso
excedia as raias de um capricho juvenil.”
Na passagem acima, extraída do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, percebe-se
que o narrador:
a) sugere apenas que Marcela o amou por pouco tempo.
b) expressa de forma metafórica o amor interesseiro de Marcela.
c) apresenta uma imagem romântica do amor.
d) idealiza a figura feminina ao retratar a devoção amorosa de Marcela.
e) demonstra pesar e dor pelo fim do romance.
61. Uneb-BA
“Daí em diante foi uma coleta desenfreada. Um homem não podia dar nascença ou curso
à mais simples mentira do mundo, ainda daquelas que aproveitam ao inventor ou divulgador, que
não fosse logo metido na Casa Verde. Tudo era loucura. Os cultores de enigmas, os fabricantes de
charadas, de anagramas, os maldizentes, os curiosos da vida alheia, os que põem todo o seu
cuidado na tafularia, um ao outro almotacé enfunado, ninguém escapava aos emissários do alienista.
Ele respeitava as namoradas e não poupava as namoradeiras, dizendo que as primeiras
cediam a um impulso natural e as segundas a um vício. Se um homem era avaro ou pródigo, ia do
mesmo modo para a Casa Verde; daí a alegação de que não havia regra para a completa sanidade
mental. Alguns cronistas crêem que Simão Bacamarte nem sempre procedia com lisura, e citam
em abono da afirmação (que não sei se pode ser aceita) o fato de ter alcançado da câmara uma
postura autorizando o uso de um anel de prata no dedo polegar da mão esquerda, a toda a
pessoa que, sem outra prova documental ou tradicional, declarasse ter nas veias duas ou três
onças de sangue godo. Dizem esses cronistas que o fim secreto da insinuação à câmara foi enriquecer
um ourives amigo e compadre dele; mas, conquanto seja certo que o ourives viu prosperar
o negócio depois da nova ordenação municipal, não o é menos que essa postura deu à Casa
Verde uma multidão de inquilinos; pelo que, não se pode definir, sem temeridade, o verdadeiro
fim do ilustre médico. Quanto à razão determinativa da captura e aposentação na Casa Verde de
todos quantos usaram do anel, é um dos pontos mais obscuros da história de Itaguaí; a opinião
mais verossímil é que eles foram recolhidos por andarem a gesticular, à toa, nas ruas, em casa, na
igreja. Ninguém ignora que os doidos gesticulam muito. Em todo caso, é uma simples conjetura;
de positivo, nada há.”
ASSIS, Machado de. O alienista. 25. ed. São Paulo: Ática, 1995. p. 38-9. (Série Bom Livro)
Tendo-se em vista o fragmento no contexto do conto, é correto afirmar:
a) O narrador, através das ações de Simão Bacamarte, faz uma apologia ao conhecimento
científico.
b) Crispim Soares, ao aderir à rebelião dos Canjicas, mostra a firmeza de suas convicções
políticas.
c) O “ilustre médico”, na condição de homem das ciências, porta-se com absoluta imparcialidade
e honestidade.
d) Porfírio das Neves, o barbeiro, representa, na narrativa, o oportunismo político.
e) O narrador, em face do narrado, mantém uma atitude de distanciamento.
62.UFRN Leia o capítulo Os vermes da obra D. Casmurro, de Machado de Assis:
“‘Ele fere e cura!’ Quando, mais tarde, vim a saber que a lança de Aquiles também curou uma
ferida que fez, tive tais ou quais veleidades de escrever uma dissertação a este propósito. Cheguei
a pegar em livros velhos, livros mortos, livros enterrados, a abri-los a compará-los, catando o texto
e o sentido, para achar a origem comum do oráculo pagão e do pensamento israelita. Catei os
próprios vermes dos livros, para que me dissessem o que havia nos textos roídos por eles.
— Meu senhor, respondeu-me um longo verme gordo, nós não sabemos absolutamente nada
dos textos que roemos, nem escolhemos o que roemos, nem amamos ou detestamos o que
roemos: nós roemos.
Não lhe arranquei mais nada. Os outros todos, como se houvessem passado palavra, repetiam
a mesma cantilena. Talvez esse discreto silêncio sobre os textos roídos fosse ainda um modo de
roer o roído.”
Nesse capítulo, constata-se que:
a) o narrador, diante da atitude dos vermes, aceita a idéia de que escrever é uma ação
racional.
b) o narrador, diante da atitude dos vermes, conclui que os livros são a única fonte de
conhecimento.
c) a personificação dos vermes contradiz as características do naturalismo.
d) a personificação dos vermes produz um afastamento da estética realista.
63.UFRN No painel dos personagens secundários, o agregado José Dias destaca-se porque:
a) tem comportamento peculiar que interfere nas reminiscências de Bentinho.
b) é um personagem culto, típico da época em que se passa a história.
c) participa do cotidiano familiar e influencia as decisões de dona Glória.
d) é o personagem que acoberta os interesses ardilosos da esposa do narrador.
Texto para as questões de 64 a 66.
“Óbito do autor
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em
primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo
nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não
sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço;
a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo.”
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. Capítulo primeiro.
64. Fuvest-SP Considerando-se este fragmento no contexto da obra a que pertence, é correto
afirmar que, nele,
a) o discurso argumentativo, de tipo racional e lógico, apresenta afirmações que ultrapassam
a razão e o senso comum.
b) a combinação de hesitações e autocrítica já caracteriza o tom de arrependimento com
que o defunto autor relatará sua vida improdutiva.
c) as hesitações e dúvidas revelam a presença de um narrador inseguro, que teme assumir
a condução da narrativa e a autoridade sobre os fatos narrados.
d) as preocupações com questões de método e as reflexões de ordem moral mostram um
narrador alheio às meras questões literárias, tais como estilo e originalidade.
e) as considerações sobre o método e sobre a lógica da narração configuram o modo característico
de se iniciar o romance no Realismo.
65. Fuvest-SP Comparando-se Brás Cubas e Macunaíma, é correto afirmar que, apesar de
diferentes, ambos
a) possuem muitos defeitos, mas conservam uma ingenuidade infantil, isenta de traços de
malícia e de egoísmo.
b) tiveram seu principal relacionamento amoroso com mulheres tipicamente submissas,
desprovidas de iniciativa.
c) não trabalham, caracterizando-se pela ausência de qualquer demanda ou busca que lhes
mobilize o interesse.
d) narram suas histórias diretamente ao leitor, em primeira pessoa, depois de mortos: Brás
Cubas, como defunto autor; Macunaíma, utilizando-se do papagaio.
e) têm a vida avaliada, na parte final dos relatos, em um pequeno balanço, ou breve avaliação
de conjunto, com resultado negativo.
66. Fatec-SP É possível perceber certas palavras e expressões que indicam oposição entre a
visão romântica do mundo e as fortes marcas realistas do texto. Assinale a alternativa em
que as expressões destacadas melhor indicam esse tipo de relação.
a) “modesta e negra”, “negra como a noite” x “farpinhas da cabeça”, “espairecendo suas
borboletices”.
b) “um céu azul, que é sempre azul para todas as asas” x “um ar divino, uma estatura
colossal”.
c) “imensidade azul”, “alegria das flores”, “pompa das folhas verdes” x “uma toalha de
rosto, dous palmos de linho cru”.
d) “restituiu-me a consolação”, “as próvidas formigas” x “uni o dedo grande ao polegar,
despedi um piparote”.
e) “A borboleta pousou-me na testa”, “o retrato de meu pai” x “contemplar o cadáver”,
“ter nascido azul”.
Texto para a questão 67:
“Saí dali a saborear o beijo. Não pude dormir; estirei-me na cama, é certo, mas foi o mesmo que
nada. Ouvi as horas todas da noite. Usualmente, quando eu perdia o sono, o bater da pêndula
fazia-me muito mal; esse tique-taque soturno, vagaroso e seco parecia dizer a cada golpe que eu
ia ter um instante menos de vida. Imaginava então um velho diabo, sentado entre dous sacos, o
da vida e o da morte, a tirar as moedas da vida para dá-las à morte, e a contá-las assim:
— Outra de menos…
— Outra de menos…
— Outra de menos…
— Outra de menos…
O mais singular é que, se o relógio parava, eu dava-lhe corda, para que ele não deixasse de
bater nunca, e eu pudesse contar todos os meus instantes perdidos. Invenções há, que se transformam
ou acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é definitivo e perpétuo. O derradeiro
homem, ao despedir-se do sol frio e gasto, há de ter um relógio na algibeira, para saber a hora
exata em que morre.”
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas.
67. Ceetps-SP Com relação ao texto, considere as afirmações abaixo:
I. No texto de Machado de Assis, a intensidade do sentimento é marcada pela passagem
do tempo, manifestada pelo ciclo na natureza.
II. Na passagem de Machado de Assis, o realismo está centrado na ausência de sentimento
e marcado pelas batidas do relógio.
III. No início do texto de Machado de Assis, a expressão “ouvi todas as horas da noite”
representa um prolongamento do sentimento de prazer conferido pelo beijo.
IV. A partir de “usualmente”, o narrador começa a considerar seu desassossego diante da
morte, durante suas noites de insônia no passado.
Quanto a essas afirmações deve-se concluir que
a) apenas I, III e IV estão corretas. d) apenas II e III estão corretas.
b) apenas II, III e IV estão corretas. e) apenas III e IV estão corretas.
c) apenas I, II e IV estão corretas.
68.UFBA
“Barrolo beliscava a pele do pescoço, constrangido ante aqueles rancores ruidosos que desmanchavam
o seu sossego. Já, por imposição de Gonçalo, rompera desconsoladamente com o
Cavaleiro. E agora antevia sempre uma bulha, um escândalo que o indisporia com os amigos do
Cavaleiro, lhe vedaria o Clube e as doçuras da Arcada, lhe tornaria Oliveira mais enfadonha que a
sua quinta da Ribeirinha ou da Murtosa, solidões detestadas. Não se conteve, arriscou o costumado
reparo:
— Ó Gonçalinho, olha que também todo esse espalhafato só por causa da política…
Gonçalo quase quebrou o jarro, na fúria com que o pousou sobre o mármore do lavatório:
— Política! Aí vens tu com a política! Por política não se atira água suja aos governadores civis.
Que ele não é político, é só malandro! Além disso…
Mas terminou por encolher os ombros, emudecer, diante do pobre bacoco de bochechas pasmadas,
que, naquelas rondas do Cavaleiro pelos Cunhais, só notava o ‘lindo cavalo’ ou ‘o caminho
mais curto para as Lousadas!…’
— Bem! — resumiu. — Agora larga, que me quero vestir… Do bigodeira me encarrego eu.
— Então, até logo… Mas se ele passar, nada de asneiras, hem?
— Só justiça, aos baldes!
E bateu com a porta nas costas resignadas do bom Barrolo que, pelo corredor, suspirando,
lamentava o assomado gênio do Gonçalinho, às cóleras desproporcionadas em que o lançava ‘a
política’.
Enquanto se ensaboava com veemência, depois se vestia numa pressa irada, Gonçalo ruminou
aquele intolerável escândalo. Fatalmente, apenas se apeava em Oliveira, encontrava o homem da
grande guedelha, caracolando por sob as janelas do palacete, na pileca de grandes clinas! E o que
o desolava era perceber no coração de Gracinha, pobre coração meigo e sem fortaleza, uma
teimosa raiz de ternura pelo Cavaleiro, bem enterrada, ainda vivaz, fácil de reflorir… E nenhum
outro sentimento forte que a defendesse, naquela ociosidade de Oliveira — nem superioridade do
marido, nem encanto dum filho no seu berço. Só a amparava o orgulho, certo respeito religioso
pelo nome de Ramires, o medo da pequena terra espreitada e mexeriqueira.”
QUEIROZ, Eça de. A ilustre casa de Ramires. São Paulo: Ática, 1997. p. 72.
Do fragmento, associado ao contexto da narrativa, pode-se concluir:
(01) Barrolo sente-se incomodado com a desavença entre Gonçalo e André, uma vez que
essa discórdia contraria seus interesses pessoais.
(02) Barrolo não é capaz de perceber o real motivo da “ronda” de Cavaleiro: o assédio a
Gracinha.
(04) Gracinha Ramires era possuidora de uma força moral que a protegeria de qualquer
investida do ex-amado.
(08) As Lousadas são as legítimas representantes de um comportamento mesquinho, provinciano,
caracterizador de certo segmento da sociedade portuguesa da época.
(16) As bases convencionadas em que se estrutura o casamento de Barrolo e Gracinha
explicam a fragilidade que caracteriza essa união.
(32) A atitude de Gonçalo de não ceder às imposições políticas para o reatamento da
antiga amizade com Cavaleiro haveria de preservar a honra dos Ramires.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
Texto para as questões 69 e 70.
“A enferma era uma senhora viúva, tísica, tinha uma filha de quinze ou de dezesseis anos, que
estava chorando à porta do quarto. A moça não era formosa, talvez nem tivesse graça; os cabelos
caíam-lhe despenteados, e as lágrimas faziam-lhe encarquilhar os olhos. Não obstante, o total falava
e cativava o coração. O vigário confessou a doente, deu-lhe a comunhão e os santos óleos. O pranto
da moça redobrou tanto que senti os meus olhos molhados e fugi. Vim para perto de uma janela.
Pobre criatura! A dor era comunicativa em si mesma; complicada da lembrança de minha mãe,
doeu-me mais, e, quando enfim pensei em Capitu, senti um ímpeto de soluçar também (…)
A imagem de Capitu ia comigo, e a minha imaginação, assim como lhe atribuíra lágrimas, há
pouco, assim lhe encheu a boca de riso agora; (…) As tochas acesas, tão lúgubres na ocasião,
tinham-me ares de um lustre nupcial… Que era lustre nupcial? Não sei; era alguma coisa contrário
à morte, e não vejo outra mais que bodas.”
69. Mackenzie-SP Considere as afirmações.
I. Na descrição da filha da viúva (segundo período), o narrador-personagem apresenta
um atitude romântica.
II. No fato narrado, o protagonista sobrepõe o mundo imaginário às circunstâncias objetivas
da realidade circundante.
III. O texto foi extraído de romance brasileiro da primeira metade do século XIX.
Assinale:
a) se todas estiverem corretas. d) se apenas I e III estiverem corretas.
b) se apenas II estiver correta. e) se todas estiverem incorretas.
c) se apenas II e III estiverem corretas.
70. Mackenzie-SP Assinale a alternativa que apresenta obras do mesmo estilo de época do
texto.
a) Senhora – Quincas Borba – São Bernardo.
b) Iracema – A moreninha – Laços de família.
c) O Ateneu – O mulato – Amor de perdição.
d) O primo Basílio – Vidas secas – Memórias póstumas de Brás Cubas.
e) O primo Basílio – Quincas Borba – Memórias póstumas de Brás Cubas.
71.FGV-SP Podemos afirmar que na obra D. Casmurro, Machado de Assis
a) defende a tese de que o meio determina o homem porque descreve a personagem Capitu
desde o início como uma futura adúltera.
b) defende a tese determinista porque o meio em que Bentinho e Capitu vivem determina
a futura tragédia.
c) não defende a tese determinista, apontando antagonismo entre o meio e a tragédia final.
d) defende a tese determinista ao demonstrar a influência da educação religiosa na formação
de Capitu.
e) não defende a tese determinista de modo explícito porque não fica clara a relação entre
o meio e o fim trágico dos personagens.
72.UFGO Esaú e Jacó é uma prova da maturidade narrativa de Machado de Assis. O confronto
com outras obras de sua autoria permite detectar alguns elementos recorrentes na
narrativa machadiana. São eles:
( ) confissão de fatalismo, própria da filosofia positivista, desenvolvida também em
Quincas Borba.
( ) jogo montado sobre a oposição de caracteres dos dois gêmeos, Pedro e Paulo, semelhante
ao jogo estabelecido entre Capitu e Bentinho, em Dom Casmurro.
( ) atemporalidade em favor de uma filosofia do auto-conhecimento, resgatando a individualidade
das personagens, igualmente vista em O alienista.
( ) narrativa típica de “autor morto”, que reconstrói os fatos numa perspectiva privilegiada
em relação ao mundo dos vivos, à maneira de Brás Cubas, em suas Memórias póstumas.
O texto abaixo refere-se às questões 73 e 74:
“Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um
Sterne ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabugens de pessimismo. Pode ser.
Obra de finado. Escrevi-a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que
poderá sair desse conúbio. Acresce que a gente grave achará no livro umas aparências de puro
romance, ao passo que a gente frívola não achará nele seu romance usual; ei-lo aí fica privado da
estima dos graves e do amor dos frívolos, que são as duas colunas máximas da opinião”.
73. FEI-SP Assinale a alternativa incorreta:
a) o autor justifica o tom pessimista da obra através da criação de um narrador defunto.
b) o prólogo insinua, ironicamente, que muitos leitores não compreenderiam o caráter
inovador do romance.
c) o prólogo diz que se trata de uma “obra de finado”, porque a primeira edição do romance
apareceu quando seu autor já havia falecido.
d) ao declarar que se tratava de uma “obra difusa”, o autor deseja prevenir os leitores
quanto à “forma livre” do romance.
e) no prólogo, o autor já emprega o estilo irônico que irá perpassar todo o romance.
74. FEI-SP As afirmações abaixo se referem a importantes romances da literatura brasileira.
Assinale a alternativa que descreve as características de Memórias Póstumas de Brás Cubras:
a) “O tom cáustico do livro o afasta muito dos exemplos nacionais de idealização romântica,
enquanto seu humorismo ziguezagueante e sua estrutura insólita impediram qualquer
identificação com os modelos naturalistas.” (José Guilherme Melquior)
b) “A leitura deste livro, que passa pelo primeiro romance naturalista brasileiro, dá uma
boa visão do meio maranhense do tempo.” (Alfredo Bosi)
c) “O livro é construído no encontro de lendas indígenas (…) e da vida brasileira quotidiana,
de mistura de lendas e tradições populares.” (Antonio Candido)
d) “O romance reflete uma visão otimista e complacente da realidade social: uma brisa de
amenidade atravessa-o de ponta a ponta, como se pessoas e objetos estivessem mergulhados
numa atmosfera ideal.” (Massaud Moisés)
e) “O livro é a primeira grande experiência de prosa modernista na ficção brasileira, procurando
romper as barreiras com a poesia.” (Antonio Candido)
75.UFMS Sobre o romance de Machado de Assis Dom Casmurro assinale a(s) alternativa(s)
correta(s).
(01) É um romance da fase realista do escritor, no qual as personagens são mostradas
superficialmente e a história é narrada em ordem cronológica linear.
(02) O personagem-narrador, Bentinho, pretende contar suas memórias ao leitor, através
de um livro, para espantar a monotonia.
(04) A expressão “olhos de ressaca”, utilizada na descrição de Capitu, significa que eram
olhos profundos e misteriosos como o mar, pois o narrador sentia que se afogava
neles e, ao mesmo tempo, não conseguia compreendê-los ou decifrá-los.
(08) José Dias, tio de Bentinho, é o personagem secundário utilizado pelo narrador para
revelar os costumes familiares do Rio de Janeiro em meados do século XIX.
(16) O ciúme de Bentinho, manifestado ainda na adolescência, acentua-se à medida que
Ezequiel fica, a cada dia, mais parecido com Escobar.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
76.U. F. Uberlândia-MG Ao final do último capítulo de Casa velha, o narrador fala para o
leitor:
“Compreendi que tudo estava acabado. Félix padeceu muito com esta notícia; mas nada
há eterno neste mundo, e ele próprio acabou casando com Sinhazinha. Se ele e Lalau foram
felizes, não sei; mas foram honestos, e basta”.
ASSIS, Machado de Casa velha.
Das características que se segue, assinale a que se relaciona com o texto acima.
a) Visão psicológica do narrador. c) Visão realista da vida.
b) Visão romântica de Félix. d) Visão positiva do homem.
77. F. I. de Vitória-ES Sobre a estrutura narrativa de Cinco Minutos e Memórias Póstumas de
Brás Cubas, é possível afirmar:
a) ambos têm como narrador o personagem principal e como narratário um personagem
secundário, dentro da narrativa.
b) ambos têm como narratário um personagem extradiegético, a “prima” em Cinco Minutos
e “o leitor”, em Memórias Póstumas de Brás Cubas.
c) em ambos, o tempo cronológico é mais importante do que o psicológico.
d) em ambos, o espaço geográfico, o Rio de Janeiro, é o determinante das ações dos personagens.
e) ambos têm como eixo temático central a desilusão amorosa do personagem-narrador.
78.U. F. Uberlândia-MG
“O melhor prólogo é o que contém menos cousas, ou o que as diz de um jeito obscuro e
truncado. (…) A obra em si mesmo é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não
agradar, pago-te com um piparote, e adeus”.
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Sobre o fragmento acima, e considerando a obra como um todo, só NÃO se pode afirmar que:
a) o leitor é sempre alvo de humor e ironia por parte do narrador.
b) ao separar o prólogo da “obra em si mesmo”, Machado evita fazer nessa obra, uso da
metalinguagem.
c) no prólogo, o leitor é sutilmente avisado de que é preciso ler a obra atentamente.
d) a interlocução com o leitor é um elemento fundamental na obra de Machado de Assis.
79.UFMG Considerando-se o narrador de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado
de Assis, é INCORRETO afirmar que ele:
a) aborda, de forma humorística, os temas trágicos da morte e da loucura.
b) apresenta, por intermédio de Quincas Borba, o sistema filosófico denominado Humanitismo.
c) convoca freqüentemente o leitor a envolver-se na narrativa.
d) relata suas memórias, tendo como ponto de partida fatos decisivos de sua infância.
80.U. F. Viçosa-MG Dentre as citações extraídas da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas,
assinale aquela que NÃO traça um perfil psicológico do personagem:
a) “Nem as bichas de ouro, que trazia na véspera, lhe pendiam agora das orelhas, duas
orelhas finamente recortadas numa cabeça de ninfa. Um simples vestido branco, de
cassa, sem enfeites, tendo ao colo, um vez de broche, um botão de madrepérola, e outro
botão nos punhos, fechando as mangas, e nem sombra de pulseira.”
b) “Quem quer que fosse, porém, o pai, letrado ou hortelão, a verdade é que Marcela não
possuía a inocência rústica, e mal chegava a entender a moral do código. Era boa moça,
lépida, sem escrúpulos, um pouco tolhida pela austeridade do tempo […].”
c) “Bem diferente era o tio cônego […]. Não era homem que visse a parte substancial da
Igreja; via o lado externo, a hierarquia, as preeminências, as sobrepelizes, as circunflexões.
Vinha antes da sacristia que do altar.”
d) “Virgília era o travesseiro do meu espírito, um travesseiro mole, tépido, aromático,
enfronhado em cambraia e bruxelas. Era ali que ele costumava repousar de todas as
sensações más, simplesmente enfadonhas, ou até dolorosas.”
e) “Então apareceu o Lobo Neves, um homem que não era mais esbelto que eu, nem mais
elegante, nem mais lido, nem mais simpático, e todavia foi quem me arrebatou Virgília e
a candidatura, dentro de poucas semanas, com um ímpeto verdadeiramente cesariano.”
81.U. F. Uberlândia-MG Considerando a obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, é
correto afirmar que:
a) o narrador em terceira pessoa permite a exploração psicológica de um adultério tanto
por parte da adúltera, Capitu, quanto da vítima, Bentinho.
b) é uma narrativa ambígua porque mostra um retrato moral da esposa Capitu feito pelo próprio
marido Bentinho, de forma a não permitir que se saiba se o adultério de fato ocorreu.
c) Bentinho é semelhante a Otelo, de Shakespeare, que não tem coragem de se matar e
nem tem ódio e ciúme suficientes para assassinar a esposa.
d) a casa de Matacavalos refere-se à infância de Bentinho, enquanto a casa da Glória
refere-se à época de convivência com Capitu, que lhe trouxe felicidades.
82.U. Uberaba-MG Em relação ao romance Dom Casmurro é correto afirmar que:
a) O leitor, em razão da ambigüidade do narrar, permanece na incerteza do que aconteceu
e do que foi deturpado pelo ciúme.
b) Esta é, sem dúvida, uma narrativa ambígua, mas esta ambigüidade permanece apenas
até certo ponto da narrativa, porque o próprio personagem narrador confessa que interpretou
mal a realidade dos fatos.
c) Como neste romance há uma clara delimitação entre o que seja imaginário e realidade,
o leitor percebe de maneira clara o que é real e o que é deformado pelo ciúme.
d) A intriga do romance é de tal maneira construída que o leitor vacila em aceitar a culpabilidade
de Capitu. A hesitação só termina quando encontra no derradeiro capítulo a
evidência cabal de que Capitu foi uma adúltera.
83.U. F. Uberlândia-MG Considere a obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, e as afirmativas
que se seguem.
I. Dª Glória tentava impedir o casamento de Bentinho com Capitu, pois desejava que ele
se unisse a Sancha.
II. Bento Santiago não teve problemas em homenagear o amigo Escobar, por ocasião de
seu enterro, pois era seu melhor amigo.
III. A cena descrita no velório de Escobar (homens e mulheres chorando) é uma característica
do Romantismo presente em todo o Dom Casmurro — obra que tem como tema os
infelizes amores de Bentinho e Capitu.
IV. “Olhos de ressaca” — referência dada a Capitu — evidencia o seu poder de envolvimento
e o grande fascínio que ela exerce sobre Bentinho, tal qual as vagas do mar.
V. Apesar da suspeita de adultério, o amor consegue superar a desconfiança, fazendo com
que Bentinho se reconcilie com a família de Capitu.
Assinale:
a) Se apenas IV é correta. c) Se apenas III e V são corretas.
b) Se apenas I, II são corretas. d) Se apenas V é correta.
84.U. F. Uberlândia-MG Assinale a alternativa INCORRETA, considerando a leitura da
obra Dom Casmurro, de Machado de Assis.
a) A linguagem do narrador é utilizada para recriar objetivamente o mundo social e também
para refletir sobre o próprio ato de narrar.
b) A visão do passado que o narrador mostra constitui-se não só em uma interpretação dos
fatos como também na apresentação de provas contundentes do adultério de Capitu.
c) A ambigüidade existente na obra destaca a impossibilidade que uma pessoa tem de
explicar completamente outro ser humano.
d) O processo de construção literária de Machado de Assis revela-se, também, por um
conjunto de intertextos.
85. Uniube-MG Numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª, considerando a leitura do texto Dom
Casmurro.
1. “Cheguei a ter ciúmes de tudo e de todos. Um vizinho, um par de valsa, qualquer homem,
moço ou maduro, me enchia de terror ou desconfiança.” (Cap. CXIII)
2. “Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada
do meu coração?” (Cap. CXLVIII)
3. “E bem, qualquer que seja a solução, uma coisa fica, e é a suma das sumas, ou o resto
dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos
ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganandome…
A terra lhes seja leve! Vamos à História dos Subúrbios.” (Cap. CXLVIII)
4. “Eu, leitor amigo, aceito a teoria do meu velho amigo Marcolini, não só pela verossimilhança,
que é muita vez toda a verdade, mas porque a minha vida se casa bem à definição.
Cantei um duo terníssimo, depois um trio, depois um quatuor. Mas não adientemos;
vamos à primeira parte, em que eu vim a saber que já cantava, porque a denúncia
de José Dias, meu caro leitor, foi dada principalmente a mim. A mim é que ele me
denunciou.” (Cap. X)
5. “É verdade que Capitu, que não sabia Escritura nem latim, decorou algumas palavras
(…). Quantos às de São Pedro, disse-me no dia que estava por tudo, que eu era a única
renda e o único enfeite que jamais poria em si. Ao que eu repliquei que minha esposa
teria sempre as mais finas rendas deste mundo.” (Cap. CI)
( ) Estilo machadiano
( ) Visão realista da vida
( ) Caráter de Bentinho
( ) Visão romântica do amor
A seqüência obtida é
a) 4 – 1 – 2 – 5
b) 3 – 4 – 2 – 1
c) 5 – 1 – 4 – 2
d) 4 – 3 – 1 – 2
1. F-V-V-V
2. V-V-V-F-F
3. V-F-F-V
4. A
5. A
6. C
7. V-V-V-F-V
8. 28
9. 31
10.A
11.A
12. 07
13.D
14.D
15. 03
16.V-F-F-F
17.A
18. E
19.V-V-V-V-F-V
20.V-V-F-F-V-F
21. C
22. E
23. E
24.A
25.A
26.D
27. E
28.D
29. F-V-V-F-V
30.A
31. B
32. C
33. E
34. C
35.A
36. B
37. E
38. E
39. B
40. a) Serão aceitas respostas que, de algum modo, revelem as seguintes idéias: O comportamento
humano é determinado por forças biológicas (o instinto, a herança genética), sociológicas
e históricas. Os fatos psicológicos e sociais são vistos, pelo realismo-naturalismo,
como manifestações naturais e, portanto, nada tendo a ver com fenômenos transcedentais.
As circunstâncias externas determinam a natureza dos seres vivos, inclusive a do
homem. A realidade passa por um processo evolutivo, dentro de um sistema de leis naturais
totalmente definidas.
b) “Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de abolicionistas
que vinha, de casaca, trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio-benemérito.
Ele mandou que os conduzissem para a sala de visitas.”
41.B
42.B
43. E
44. E
45. B
46. B
47. C
48. C
49. E
50.B
51.
2
31
52. B
53.D
54.A
55.B
56.B
57.V-V-F-F-V
58. 90
59.C
60.B
61.D
62.D
63.A
64.A
65. E
66.C
67.A
68. 27
69.B
70. E
71.A
72. F-F-F-F
73.C
74.A
75. 22
76.C
77.B
78.B
79.D
80. D
81. C
82. A
83. B
84. B
85. D
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